Um pequeno passo para a mecânica, um grande passo para os fãs de ficção científica. Assim pode ser encarado um estudo da Universidade Estadual da Pensilvânia em parceria com a Força Aérea dos Estados Unidos, divulgado nesta quarta-feira (24/8), na revista Nature. Os cientistas usaram a lógica dos receptores de toque presentes na nossa pele para fazer materiais de engenharia que "pensam", isto é, imitam o sistema de captação de estímulo físico e resposta neurológica feito pelo corpo humano.
"Criamos o primeiro exemplo de um material de engenharia que pode sentir, pensar e agir simultaneamente sobre o estresse mecânico sem exigir circuitos adicionais para processar esses sinais", explica o pesquisador Ryan Harne, principal autor do artigo.
A diferença entre esse novo dispositivo e os robôs e máquinas inteligentes já disponíveis está na configuração do maquinário. A tecnologia existente até o momento depende de vários componentes eletrônicos alojados em um único material semicondutor, geralmente silício. Por outro lado, o aparelho da Universidade Estadual da Pensilvânia faz esse trabalho a partir de um núcleo integrado feito com um "polímero macio".
O material age como um cérebro e pode receber sequências digitais de informações que são processadas, resultando em novas sequências de informações digitais que podem controlar reações.
Segundo o estudo, o o material usa um processo de "pensamento" semelhante ao humano e tem aplicações potenciais em sistemas autônomos de busca e resgate, em reparos de infraestrutura e até em materiais biohíbridos que podem identificar, isolar e neutralizar patógenos no ar.
Os cientistas explicam que embora as nossas reações, como olhar para o lado caso alguém toque na gente, pareçam automáticas, elas requerem que os nervos do corpo digitalizem as informações sensoriais para que os sinais elétricos possam viajar para o cérebro. O cérebro recebe essa sequência informativa, avalia e diz ao corpo para reagir de acordo.
O que eles fizeram foi fazer o mesmo cálculo para os materiais de engenharia. Os cientistas agora querem aperfeiçoar os sensores. "Nosso objetivo é desenvolver um material que demonstre a navegação autônoma através de um ambiente vendo sinais, seguindo-os e manobrando fora do caminho da força mecânica adversa, como algo pisando nele", explica Ryan Harne.
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