É difícil para os pais perceberem que há algo além da imaginação nas crianças com psicoses?
Pode ser difícil para os pais diferenciar os sinais de fantasia saudável da psicose, mas alguns sinais são importantes: a criança saudável prefere estar na presença de outras pessoas, apresenta afeto preservado, tem discurso organizado, bom desempenho escolar, seu olhar é expressivo e as fantasias costuma diminuir com o tempo. Já na criança com psicose, existe a preferência pelo isolamento, o discurso é desconexo, o afeto ressoa menos, o desempenho escolar é baixo; o olhar pode passar estranheza ou perplexidade e as fantasias se intensificam com o tempo.
Existe um risco aumentado de esquizofrenia em pessoas que apresentaram sinais de doença psicótica na infância?
Um episódio psicótico na infância e adolescência deve ser monitorado, pois pode se concretizar um diagnóstico de esquizofrenia se outros parâmetros do transtorno são encontrados com o tempo, mas também outros diagnósticos podem ser dados de acordo com a evolução dos sintomas, tais como o transtorno afetivo bipolar, condições orgânicas (infecções), uso de drogas e transtorno esquizoafetivo. A prevalência de esquizofrenia é de cerca de 1% da população, sendo uma condição bastante incomum antes dos 13 anos, afetando cerca de 1 a cada 10 mil crianças e adolescentes. De toda forma, o tratamento dos sintomas psicóticos dura, pelo menos, um a dois anos e, se for concluído, a criança ou adolescente deve ser monitorada por pelo menos mais dois anos.
Os autores do estudo afirmam que os resultados sugerem fortemente o teste de microarranjo cromossômico em qualquer criança ou adolescente diagnosticado com psicose. Aqui no Brasil, essa seria uma alternativa possível?
A realização de teste de microarray para pacientes com psicose de início precoce poderia trazer alguns benefícios, como melhor comunicação dos profissionais com as família, aconselhamento genético mais eficaz, além da criação de bancos de dados mais uniformizados, podendo direcionar tratamentos futuros. Tal exame já está elencado no rol de procedimentos disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e é recomendado pela Academia Norte-Americana de Genética para investigação de deficiência intelectual, malformações congênitas e transtorno do espectro autista. O entrave para a testagem no Brasil primeiramente seria a disponibilidade do exame, que está restrito aos grandes centros e tem valor elevado. Outra dificuldade é a falta de protocolos genéticos para pessoas com psicose de início precoce, dificultando sua indicação para todo esse público.
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