Em tempos de covid-19 e monkeypox, uma doença infecciosa está se espalhando por estados da Índia. A chamada gripe do tomate, que leva o nome por causa das bolhas vermelhas que podem chegar ao tamanho do fruto, foi detectada pela primeira vez há três meses, em Kerala, onde 82 crianças com menos de 5 anos receberam o diagnóstico. Ontem, o Ministério da Saúde indiano afirmou que o vírus migrou para os vizinhos Tamil Nadu, Haryana e Odisha, com mais de 100 casos, no total.
Um artigo recente publicado na revista Lancet Respiratory Medicine afirma que a rara infecção viral, que afeta, principalmente, crianças de até 5 anos e adultos imunossuprimidos, não é letal, mas causa lesões dolorosas e é "extremamente contagiosa". Segundo os autores, de duas universidades indianas e uma australiana, os pequenos são particularmente vulneráveis porque estão mais sujeitos ao contato próximo com o patógeno, tocando em superfícies sujas ou colocando objetos na boca.
No artigo, os cientistas afirmam que ainda precisam descobrir que vírus é esse. Há suspeitas de que seja uma versão do enterovírus coxsachkievirus A16, transmitido pelo contato direto com saliva ou muco. "A enfermidade aparenta ser como uma variante clínica da doença mão-pé-boca, uma infecção comum que atinge principalmente crianças pequenas de 1 a 10 anos e adultos imunocomprometidos. A gripe do tomate é uma doença autolimitada e não existe nenhum medicamento específico para tratá-la", informou o Ministério da Saúde indiano, em um comunicado.
Tanto o órgão do governo quanto os cientistas que publicaram o artigo afirmam que não há relação da infecção com o Sars-CoV-2 nem com o monkeypox. Alguns sintomas, porém, como febre, fadiga e dor nas articulações, são semelhantes aos de covid, chikungunya e dengue, o que dificulta o diagnóstico, disseram os cientistas. Inclusive, eles sugerem que, em vez de uma infecção viral, a gripe do tomate seja um efeito posterior dessas duas últimas doenças, o que ainda precisa ser estudado.
Professor da Universidade Translacional da Universidade de Victoria e um dos autores do artigo, Vasso Apostolopoulos diz que nas próximas semanas, será possível determinar o agente causador da doença. "No momento, parece que o vírus é leve e desaparece sozinho, mas a maioria das pessoas que tiveram essa infecção é jovem e realmente não sabemos o que pode acontecer em uma pessoa imunocomprometida ou se o micro-organismo se espalhar para idosos. Ainda está isolado e não parece ter se espalhado para além da Índia."
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Remédio para a monkeypox
Cientistas britânicos anunciaram ontem que vão lançar um ensaio clínico para avaliar o tratamento de monkeypox em humanos. Os pesquisadores da Universidade de Oxford pretendem verificar se um medicamento antiviral pode ajudar a aliviar os sintomas entre os infectados. Eles esperam recrutar 500 pessoas de todo o Reino Unido para participar do teste da droga Tecovirimat. O medicamento, criado para tratar a varíola, funciona impedindo que o vírus saia da célula infectada, evitando a propagação do vírus dentro do corpo.