No mês em que se comemora o Dia dos Pais, é importante refletir sobre a importância da construção da personalidade e da maturidade de um indivíduo com a presença do pai.
A psicanalsita e psicopedagoga, Andréa Ladislau, destaca que o papel do pai no desenvolvimento da criança e na interação entre pai e filho é um dos fatores decisivos para o fortalecimento cognitivo e social, facilitando a capacidade de aprendizagem e a integração da criança na comunidade e no universo em que ela está inserida.
"Muitas crianças não têm contato permanente com seus pais biológicos, por diversos motivos. E que, ao longo da vida, esse papel de acaba sendo desempenhado por um avô, um tio, um padrasto ou um irmão. No entanto, a figura paterna é responsável por uma boa parte da identidade deste indivíduo", lembra a psicanalista.
Psicanaliticamente falando, Andréa Ladislau enfatiza que a figura paterna traz a representatividade da ordem, da tradição e da autoridade. "Sabemos que a carência de amor e de afeto comprometem o desenvolvimento da criança e do adolescente. E quando as interações entre pais e filhos são mal adaptativas ou desajustadas os resultados poderão levar a formas de comportamento antissocial. Portanto, fica evidente que, o abandono também pode gerar grandes conflitos emocionais na vida da criança seja por separação conjugal ou abandono dos filhos."
As principais consequências da ausência paterna
Na prática, no dia-a-dia, quais seriam as principais consequências desta ausência paterna?
Conforme Andréa Ladislau, algumas crianças podem apresentar conflitos no desenvolvimento psicológico e cognitivo, bem como na elaboração de distúrbios de comportamento agressivos.
"Isso porque elas elas tendem a desenvolver sentimento de insegurança e também manifestar graves transtornos de ansiedade, já que a construção psicoafetiva apresenta deficiências. Além disso, elas também sofrem por não conseguirem desenvolver as habilidades adequadas para a convivência em sociedade, o que justifica a tendência a se isolar e não conseguir interagir de forma saudável com o outro", alerta a psicanalista.
Um outro fator importante, lembra a psicanalista, é a incapacidade de seguir leis ou respeitar autoridades, "pois as crianças com pais ausentes, especialmente as do sexo masculino, podem não conseguir se submeter a uma figura de autoridade, e como resultado disso podem se tornar rebeldes e adeptos da violação das regras, criando sérias consequências negativas para ela no futuro."
Complexo de inferioridade e rejeição
Para Andréa Ladislau, a presença da figura paterna é um dos fatores decisivos para o desenvolvimento cognitivo social, facilitando a capacidade de aprendizagem e a integração da criança na sociedade. "Se a criança acreditar que a falta de um pai faz dela uma pessoa defeituosa, ela pode desenvolver um complexo de inferioridade, se sentir rejeitada e desenvolver depressão e outras doenças psíquicas".
Neste cenário, a psicanalista destaca que "isso pode prejudicaro a autoestima da criança, levando-a a ter problemas de insegurança com relação a si mesma no futuro, por se achar menos digna que os outros. É claro que isso não tem nada a ver com a realidade, no entanto, o sentimento persiste e precisará ser tratado com terapia, caso contrário, essa criança vai sempre se sentir inferior."
Portanto, chama a atenção Andréa Ladislau, "se você pode desempenhar o seu papel de pai, não perca a oportunidade, pois tanto o afeto paterno quanto materno, representam a possibilidade do equilíbrio como regulador da capacidade da criança ou do jovem investir no mundo real. Porém, a ausência ou o abandono, é extremamente prejudicial ao desenvolvimento dos vínculos de sobrevivência do indivíduo, propiciando alterações comportamentais que acionam o sinal de alerta demonstrando que algo está em desequilíbrio ou mesmo, favorecendo o desenvolvimento de transtornos emocionais, como:
a depressão infantil, as neuroses oriundas da ansiedade generalizada, o agravamento de TDAH, os distúrbios de sono, as alterações de humor neurótico e o aumento de fobias."
Por isso, o estímulo ao convívio entre pais e filhos, certamente é "um forte instrumento na construção e no desenvolvimento equilibrado de uma maturidade emocional saudável e livre de transtornos e traumas", alerta a psicanalista.
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