Pessoas que consomem medicamentos antiplaquetários e betabloqueadores para o tratamento de doença cardíaca coronária podem estar mais propensas a ataques cardíacos não fatais durante os dias mais quentes do ano. A constatação foi confirmada por um estudo liderado por pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Yale e publicado na revista Nature Cardiovascular Research, nesta segunda-feira (1º/8).
A equipe de pesquisadores, composta também por acadêmicos do centro de pesquisa Helmholtz, analisou 2.494 registros de pessoas que sofreram ataques cardíacos não fatais entre maio e setembro de 2001 e 2014 em Augsburg, na Alemanha. Os meses são os que registram maiores temperaturas em relação ao restante do ano na cidade alemã.
Para a análise, eles compararam a temperatura do dia em que a pessoa sofreu o incidente cardiovascular com outros dias anteriores ao fato. Por exemplo, se um paciente sofreu o ataque em uma quinta-feira de junho, os cientistas compararam a temperatura do dia com outras quinta-feiras anteriores.
A descoberta foi de que dois tipos de que a maior parte dos mais de 2 mil casos eram compostos por pessoas que sofreram ataques no calor e que tomavam betabloqueadores — como remédios compostos com propranolol, atenolol e acebutolol — ou medicamentos antiplaquetários — aspirina, clopidogrel ou ticlopidina.
Em usuários de remédios antiplaquetários, o aumento de risco de ataque cardíaco foi de 63%; já o de betabloqueadores foi de 65%. Aqueles que usavam os dois tipos de remédios apresentaram risco 75% maior do que aqueles que não tomavam nada.
Os pesquisadores afirmam que o estudo não prova que esses medicamentos foram o causador dos ataques, e que há chances da própria doença cardíaca fornecer, em si, maior suscetibilidade para ataques cardíacos com o aumento da temperatura.
Saiba Mais
No entanto, os cientistas acreditam que os dados são válidos por ter feito dois outros cruzamentos de dados. A primeira foi a comparação de pacientes mais jovens (25 a 59 anos) com os mais velhos (60 a 74 anos). Descobriu-se que o primeiro grupo, apesar de mais saudável, se tornou mais vulnerável a ataques cardíacos relacionados ao calor do que pacientes mais velhos quando os membros dele eram usuários dos medicamentos citados.
O segundo cruzamento foi de que usuários de outros medicamentos não foram tão numerosos nos registros analisados. Para explicar a propensão dos acidentes, o professor do Departamento de Epidemiologia da Escola de Saúde Pública de Yale e autor principal do estudo, Kai Chen, aposta na ação dos medicamentos no organismo.
“Nós levantamos a hipótese de que alguns dos medicamentos podem dificultar a regulação da temperatura corporal. Os pacientes que tomam esses dois medicamentos — betabloqueadores e antiplaquetários — têm maior risco e, durante as ondas de calor, devem realmente tomar precauções”, pontua o professor.
Entre as sugestões dadas pelos pesquisadores, estão estratégias de resfriamento, como instalações de ar condicionado em casa e no trabalho — e em qualquer outro local em que passam muito tempo — e locais que oferecem esse ambiente mais fresco.
O estudo também alerta que, à medida que as mudanças climáticas avançam, os ataques cardíacos podem se tornar um risco maior para pessoas com doenças cardiovasculares. Agora, os pesquisadores pretendem descobrir se há condições biológicas que tornam os pacientes mais vulneráveis a esses extremos ambientais.
Saiba Mais
- Holofote É falso que TSE tem 32 mil urnas grampeadas com o objetivo de fraudar a eleição
- Brasil Ambientalistas cobram mais rigor contra desmatamento na Amazônia
- Brasil "Estado brasileiro falhou", diz especialista sobre família mantida em cárcere
- Política Câmara aprova urgência em projetos na segurança pública e agropecuária
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.