O consumo de sete ou mais unidades de álcool por semana está associado a níveis mais altos de ferro no cérebro, de acordo com um estudo com quase 21 mil pessoas publicado na revista Plos Medicine. O acúmulo do elemento no órgão tem sido associado às doenças de Alzheimer e Parkinson e é um mecanismo potencial para o declínio cognitivo relacionado à bebida.
"Há evidências crescentes de que mesmo o consumo moderado de álcool pode afetar negativamente a saúde do cérebro", diz Anya Topiwala, pesquisadora da Universidade de Oxford, Reino Unido, que estudou as relações entre a ingestão da substância e os níveis de ferro no cérebro.
Os 20.965 participantes relataram o próprio consumo de álcool e tiveram o cérebro escaneado por ressonância magnética (MRI). Quase 7 mil também tiveram o fígado rastreado também pelo equipamento, para avaliar os níveis de ferro sistêmico. Todos completaram uma série de testes simples para avaliar a função cognitiva e motora.
Apesar de 2,7% se classificarem como não bebedores, a ingestão média do grupo foi de cerca de 18 unidades por semana, o que se traduz em cerca de sete latas e meia de cerveja ou seis copos grandes de vinho. A equipe descobriu que o consumo de álcool acima de sete unidades semanais estava associado a marcadores de ferro mais altos nos gânglios da base, um grupo de regiões do cérebro associadas ao controle dos movimentos motores, aprendizado de procedimentos, movimento dos olhos, cognição e emoção, entre outras. O acúmulo de ferro em algumas partes do órgão foi associado a pior função cognitiva.
"No maior estudo até o momento, descobrimos que beber mais de 7 unidades de álcool semanalmente está associado ao acúmulo de ferro no cérebro. O ferro cerebral mais alto, por sua vez, está associado a um desempenho cognitivo mais baixo. O acúmulo de ferro pode estar subjacente ao declínio cognitivo relacionado ao álcool", enfatiza Topiwala.