A apresentadora britânica da BBC Deborah James, que morreu de câncer de cólon aos 40 anos no mês passado, constantemente repetia uma dica na sua campanha para aumentar a conscientização sobre a doença: verifiquem as suas fezes.
No final de semana passado, outro caso fatal desse tipo de câncer ganhou as manchetes, desta vez no Brasil. A produtora e empresária Patricia Perissinotto, esposa do músico Andreas Kisser, da banda Sepultura, morreu aos 52 anos.
Abaixo, nós respondemos às principais perguntas sobre um dos tipos mais comuns de câncer.
Como posso detectar o câncer de cólon?
Há três coisas principais a serem verificadas:
- sangue nas fezes sem nenhum motivo aparente — pode ser um vermelho claro ou escuro;
- mudanças na hora de defecar — como ir ao banheiro com mais frequência ou mudanças nas fezes em si (mais moles ou mais duras) ;
- dor na barriga ou inchaço, com sensação de barriga cheia e dura.
Outros sintomas incluem:
- perda de peso;
- não sentir que o intestino foi esvaziado depois de ir ao banheiro;
- sentir-se cansado e tonto.
Esses sintomas não significam necessariamente que a pessoa tem câncer de cólon. Mas recomenda-se uma consulta médica, principalmente se durarem mais de três semanas.
Isso significa que os sintomas podem ser verificados rapidamente. Quanto mais cedo os cânceres são diagnosticados, mais fácil costuma ser o tratamento.
Às vezes, o câncer de cólon pode impedir que resíduos passem pelo intestino, e isso pode causar um bloqueio, causando dor de barriga intensa, constipação e mal-estar. Nesses casos, é urgente consultar um médico ou ir ao pronto-socorro mais próximo.
O ministério da Saúde tem mais informações sobre cânceres de intestino aqui.
Como verifico minhas fezes?
Dê uma boa olhada nas fezes e não tenha vergonha de falar sobre o assunto.
Você deve estar atento a sinais de sangue nas fezes e também de sangramento na área do ânus.
O sangue vermelho claro pode ser resultado de vasos sanguíneos inchados, mas também pode ser causado por câncer de cólon.
Sangue vermelho escuro ou preto pode vir do intestino ou do estômago, o que também pode ser preocupante.
Você também pode estar percebendo mudanças nos hábitos intestinais, como fezes mais soltas ou a necessidade de defecar com mais frequência do que o normal.
Ou você pode sentir que não está esvaziando totalmente o intestino, ou que não vai ao banheiro com frequência suficiente.
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A organização britânica Bowel Cancer UK recomenda que pacientes criem um diário dos sintomas antes de visitar o médico, para que nada seja esquecido durante a consulta.
Os médicos estão acostumados a ver pessoas com grande variedade de problemas intestinais, portanto, informe-os sobre quaisquer alterações ou sangramentos para que eles possam investigar a causa.
O que causa câncer de cólon?
Ninguém sabe exatamente o que causa a doença, mas alguns fatores podem aumentar os riscos:
- a idade tem um peso importante — a maioria dos casos ocorre em adultos com mais de 50 anos, como acontece com outros tipos de câncer também;
- quem tem dieta com muita carne vermelha ou carne processada, como salsichas, bacon e salame;
- fumar;
- beber álcool em excesso;
- estar acima do peso ou obeso;
- ter um histórico de pólipos no intestino, que podem virar tumores.
É hereditário?
Na maioria dos casos, o câncer de intestino não é hereditário, mas você deve informar seu médico de família se teve algum parente próximo diagnosticado antes dos 50 anos.
Algumas condições genéticas, como a síndrome de Lynch, fazem com que as pessoas tenham um risco muito maior de desenvolver câncer de cólon — mas elas podem ser prevenidas se os médicos souberem de antemão da doença.
Como reduzir os riscos?
Mais da metade dos cânceres intestinais podem ser prevenidos por pessoas que seguem um estilo de vida mais saudável, dizem os cientistas.
Isso significa fazer exercícios, comer mais fibras e menos gordura e beber cerca de seis a oito copos de água por dia.
E também se consultar com um médico sempre que houver qualquer sintoma preocupante, e realizar ressonâncias magnéticas, quando elas forem solicitadas.
Como o câncer de cólon é diagnosticado?
A detecção pode se dar através de uma colonoscopia — um procedimento que usa uma câmera dentro de um tubo longo para olhar dentro de todo o intestino — ou uma sigmoidoscopia flexível, que examina parte dele.
Mais de 90% das pessoas diagnosticadas com câncer de cólon em seu estágio inicial sobrevivem por cinco anos ou mais — em comparação com 44% quando diagnosticados no estágio mais avançado.
No Reino Unido, as chances de sobrevivência mais que dobraram nos últimos 40 anos. Mais da metade dos pacientes sobrevivem por dez anos ou mais, em comparação com um em cada cinco na década de 1970.
Como muitos tipos de câncer, pessoas de 15 a 40 anos têm as maiores taxas de sobrevivência, porque o câncer é mais comum e mais fatal em pessoas mais velhas.
Que tratamentos estão disponíveis?
O câncer de cólon é curável, especialmente se diagnosticado precocemente.
Os tratamentos estão se tornando mais personalizados. Testes genéticos avançados permitem que o tratamento seja adaptado para cada pessoa, de acordo com a resposta de seu corpo à doença.
Essa abordagem ainda precisa ser melhorada, mas pode aumentar a expectativa de vida dos pacientes.
Cada estágio da doença pode exigir tratamentos diferentes, como cirurgia, quimioterapia e radioterapia.
Quais são os diferentes estágios do câncer?
- Câncer de estágio 1: é pequeno, mas não se espalhou;
- Câncer de estágio 2: é maior, mas ainda não se espalhou;
- Câncer de estágio 3: se espalhou para alguns dos tecidos ao redor, como linfonodos;
- Câncer de estágio 4: se espalhou para outro órgão do corpo, criando um tumor secundário.
- Texto originalmente publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-62040159
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