Doxiciclina

Antibiótico pode reduzir risco de DSTs após sexo sem proteção, diz estudo

Uso da doxiciclina reduziu as taxas de gonorreia e clamídia em mais de 60% entre homens que fazem sexo com homens (HSH)

Correio Braziliense
postado em 29/07/2022 06:00 / atualizado em 30/07/2022 17:36
 (crédito: Reprodução/Youtube)
(crédito: Reprodução/Youtube)

Tomar um antibiótico após ter relações sexuais sem proteção pode reduzir drasticamente o contágio de três doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) bacterianas em grupos de alto risco, mostra um estudo desenvolvido na Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF), nos Estados Unidos, e apresentado na 24ª Conferência Internacional sobre Aids, em andamento, em Montreal, no Canadá.

Segundo os autores, o uso da doxiciclina reduziu as taxas de gonorreia e clamídia em mais de 60% entre homens que fazem sexo com homens (HSH). Também pareceu muito eficaz contra a sífilis, mas não há casos suficientes para ser estatisticamente significativo.

A equipe chegou à conclusão ao acompanhar 500 pessoas em San Francisco e Seattle, nos Estados Unidos. Os voluntários — em sua maioria HSH, mas também algumas mulheres trans e pessoas de diversos gêneros. Eles foram divididos em dois grupos: os que tomavam comprimidos de profilaxia pré-exposição (PrEP) contra o HIV, enquanto outros eram soropositivos. Em cada um desses grupos, dois terços dos integrantes receberam doxiciclina. O restante, não.

O antibiótico, de 200mg, era administrado em até três dias após a exposição. Os participantes podiam continuar tomando o remédio conforme necessário, dependendo do contato sexual que tinham. A intervenção reduziu a incidência de doenças sexualmente transmissíveis em 62% no grupo que vivia com HIV e em 66% no grupo que tomava PrEP.

Os efeitos secundários foram leves, e os níveis de aderência se mantiveram altos. Segundo a equipe da UCSF, o ensaio foi encerrado antes do tempo porque o fármaco funcionou indubitavelmente, e não seria ético continuar com os testes.

Cautela

Um ensaio anterior realizado por pesquisadores franceses usou, com eficácia, a doxiciclina como profilaxia pós-exposição (PEP) contra a sífilis e a clamídia entre os HSH. "Agora temos dois estudos que respaldam o uso da (abordagem) em homens que têm relações sexuais com homens", disse Annie Luetkemeyer, líder do novo estudo, na coletiva de apresentação dos resultados.

Na avaliação da cientista, "estamos em um lugar em que devemos pensar muito sobre a implementação da abordagem e em como incorporá-la aos padrões". Luetkemeyer, porém, frisou que, no momento, os dados apoiam o tratamento como uma intervenção direcionada aos grupos de maior risco, que têm uma alta prevalência de DSTs, não a todas as pessoas.

Para Jean-Michel Molina, da Universidade de Paris Cité, e responsável pelo primeiro estudo, em 2018, ainda não é o momento de adotar a prática clínica. "É um tema controverso. Acho que ainda não sabemos o suficiente para recomendar a estratégia", escreveu, em artigo publicado na revista Science. A equipe americana não avaliou questões referentes à resistência a antibióticos, mas pontuou que são necessários mais estudos para investigar possíveis ligações com esse processo.

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