Duração estendida

Estudo põe em xeque tempo seguro para exercícios

Alice Groth*
postado em 27/07/2022 00:01
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

É de conhecimento geral que a prática de atividade física está associada a uma vida saudável. Na medida certa, mostram alguns estudos. Isso porque a quantidade e a intensidade dos exercícios podem prejudicar o sistema cardiovascular devido ao excesso de esforço. Os riscos estão associados a arritmias cardíacas, alterações da estrutura do coração e calcificação coronariana. Entretanto, uma pesquisa que acaba de ser divulgada na revista Circulation indica que a margem segura para a prática dessas atividades pode ser maior do que o imaginado. No estudo, a equipe internacional de cientistas constatou que adultos que realizavam de duas a quatro vezes mais tempo do que o aconselhado não tiveram um risco ao sistema cardíaco aumentado e apresentaram queda na taxa de mortalidade.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que pessoas com 18 a 64 anos devem praticar semanalmente pelo menos de 150 a 300 minutos de atividades físicas moderadas ou de 75 a 150 minutos de exercícios de vigorosa intensidade. No novo estudo, os voluntários obtiveram o máximo de proveito para a saúde quando dobraram a quantidade recomendada pela agência das Nações Unidas: de 300 a 600 minutos de atividade moderada — como caminhada, exercício de baixa intensidade, levantamento de peso — ou de 150 a 300 minutos de exercícios mais intensos — corrida, natação e ciclismo, por exemplo.

Em ambos os casos, os voluntários se exercitaram de duas a quatro vezes por semana. E a redução da taxa de mortalidade foi maior quando se estendeu o tempo das atividades moderadas: de 26% a 31%, contra de 21% a 23% para as de maior intensidade. A pesquisa ainda apontou que não foram encontrados efeitos nocivos em relação à saúde cardiovascular dos participantes. "Quando olhamos o padrão da prática de atividades físicas a longo prazo, constatamos que realizar até três vezes mais que o atualmente recomendado não tem prejuízo para o coração", enfatiza Leandro Rezende, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e um dos autores do estudo.

Para o médico Lazaro Fernandes de Miranda, cardiologista do Hospital Santa Lúcia e conselheiro da Sociedade Brasileira de Cardiologia do Distrito Federal, a decisão quanto a melhor intensidade e duração dos exercícios deve ser individualizada e recomendada por um profissional especializado. "A avaliação inicia-se por meio de uma consulta médica bem realizada, em que o especialista recomendará, se necessário, a realização de exames mais complexos, como o teste de esforço", explica. O especialista enfatiza que todas as pessoas devem se exercitar e, preferencialmente, escolher atividades de intensidade moderada, como mostra o estudo: "A modalidade mais acessível a todos é a caminhada. Então, pés à obra".

Longo prazo

De acordo com Rezende, pesquisas anteriores analisaram breves períodos de prática de atividades físicas, resultando em observações menos aprofundadas. "A grande inovação do nosso estudo está no fato de que ele é um dos únicos que examinam dados coletados durante muitos anos, o que permite identificar qual o padrão de atividade física da população a longo prazo e as consequências diretas na saúde", relata o coautor.

Os pesquisadores analisaram registros médicos de 1988 a 2018, retirados de dois grandes bancos de dados norte-americanos: o Estudo de Saúde de Enfermeiras e o Estudo de Acompanhamento de Profissionais de Saúde. Os participantes relataram os hábitos ligados à prática de exercícios a cada dois anos, ao longo de três décadas. Os dados incluíam o tempo gasto por semana a atividades físicas, além de informações médicas, como o diagnóstico de doenças, consumo de cigarro e ingestão de álcool.

* Estagiária sob a supervisão

de Carmen Souza

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação