Cada vez mais presente na população em geral, o acúmulo de gordura no fígado é ligado a um aumento de 50% no risco de desenvolvimento de insuficiência cardíaca — quando o coração deixa de bombear quantidades suficientes de sangue pelo corpo. A vulnerabilidade foi constatada por cientistas italianos ao analisarem os resultados de 11 estudos de longo prazo sobre as complicações, somando dados de 11 milhões de pessoas, e detalhada na última edição da revista Gut, uma publicação da Sociedade Britânica de Gastroenterologia.
Os estudos analisados foram realizados em Suécia, Finlândia, Reino Unido, Estados Unidos e Coreia do Sul. Metade dos participantes era mulher, tinha, em média, 55 anos, e índice de massa corporal (IMC) 26 — o que indica sobrepeso. Cerca de um em quatro participantes (25%) tinha acúmulo de gordura no fígado, também conhecido como doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA).
Durante os 10 anos em que os participantes foram acompanhados, houve o registro de 97.716 casos de insuficiência cardíaca, sendo que a complicação foi mais incidente nos voluntários com DHGNA. Independentemente de idade, sexo, gordura corporal, diabetes, pressão alta, etnia e outros fatores de risco cardiovascular comuns, o acúmulo de gordura no fígado foi associado a um risco 50% maior de surgimento da complicação cardíaca. E a condição piorava em paralelo ao agravamento da DHGNA, especialmente quando a pessoa tinha fibrose hepática mais extensa (cicatrização no órgão). Nesses casos, segundo os autores, o risco pode subir para 76%.
A equipe, liderada por Alessandro Mantovani, da Universidade de Verona, na Itália, enfatiza que são necessários mais estudos para explicar como essa maior vulnerabilidade é desencadeada. Os cientistas também chamam a atenção para o fato de o acúmulo de gordura no fígado estar crescendo na população mundial, como resultado do aumento dos níveis de sobrepeso e obesidade. A estimativa é de que 30% dos adultos no mundo tenham DHGNA.
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