doença ginecológica

Endometriose é ligada a risco 34% maior de AVC

Vulnerabilidade pode ser ainda pior entre mulheres com a doença inflamatória e submetidas a cirurgias para a retirada de útero ou dos ovários, mostra pesquisa americana

Correio Braziliense
postado em 22/07/2022 06:00 / atualizado em 03/08/2022 16:38
 (crédito:  Antonio Diaz/Freepik)
(crédito: Antonio Diaz/Freepik)

Presente em cerca de 15% das mulheres em idade reprodutiva, a endometriose é relacionada a uma maior vulnerabilidade à ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC). Após a análise de dados de 112.056 mulheres com idade entre 25 e 42 anos, colhidos de 1989 até 2017, cientistas dos Estados Unidos observaram que aquelas com a condição inflamatória crônica tinham um risco 34% maior de sofrerem um derrame, quando comparadas às sem endometriose.

Estudos anteriores relacionaram a doença ginecológica a maiores incidências de complicações cardiovasculares, como ataque cardíaco, hipertensão e colesterol alto. Agora, a equipe de cientistas estadunidenses mostra essa maior suscetibilidade ao AVC. A combinação de riscos deve, dessa forma, ser considerada nos atendimentos médicos, defende Stacey A. Missmer, autora sênior do estudo.

"Os médicos devem olhar para a saúde de toda a mulher, incluindo pressão arterial elevada, colesterol alto e outros novos fatores de risco de acidente vascular cerebral, não apenas sintomas especificamente associados à endometriose, como dor pélvica ou infertilidade", afirma a também professora de obstetrícia, ginecologia e biologia reprodutiva na Michigan State University College of Human.

A equipe analisou os dados coletados a cada dois anos considerando possíveis fatores de risco ou de confusão, como ingestão de álcool, índice de massa corporal (IMC), padrão do ciclo menstrual na adolescência, ingestão de anticoncepcional oral, prática de exercícios físicos, raça /etnia e renda.Também foi investigado se a ligação entre endometriose e AVC poderia ser explicada por outros fatores mediadores. Por exemplo, a remoção do útero (histerectomia) ou dos ovários (ooforectomia) e a terapia hormonal pós-menopausa.

Durante os 28 anos de coleta de dados, foram documentados 893 AVCs. O estudo considerou tanto o acidente vascular cerebral isquêmico (causado por coágulos sanguíneos bloqueando o fluxo sanguíneo) quanto o acidente vascular cerebral hemorrágico (causado por sangramento no cérebro). A endometriose — caracterizada pelo crescimento anormal de tecido semelhante ao endométrio, que reveste internamente o útero, fora do órgão reprodutor — foi diagnosticada por meio da laparoscopia. Nesse procedimento, um instrumento de fibra óptica é inserido através da parede abdominal para visualizar os órgãos no abdômen ou tratar a endometriose.

Endometriose
Endometriose (foto: Valdo Virgo)

Vigilância

Em uma análise mais detalhada, considerando fatores isoladamente, a equipe constatou que a maior proporção do risco de ocorrência de derrame associado à endometriose estava ligada à histerectomia e/ou à ooforectomia (39%) e à terapia hormonal pós-menopausa (16%). Não foram observadas diferenças significativas na relação entre endometriose e AVC nas análises que prorizaram idade, histórico de infertilidade, IMC ou menopausa.

"Há circunstâncias em que uma histerectomia e/ou uma ooforectomia é a melhor escolha para uma mulher. No entanto, também precisamos garantir que os pacientes estejam cientes dos riscos potenciais à saúde associados a esses procedimentos", observa Missmer.

A cientista reforça que o estudo, publicado na última edição da revista Stroke, da Associação Americana de Derrame, não indica que as mulheres com endometriose terão um derrame. "Os resultados significam apenas uma associação de risco relativo moderado", enfatiza. "Dessa forma, mulheres com endometriose devem prestar atenção em todo o corpo e discutir riscos adicionais e opções preventivas com sua equipe de saúde."

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Anitta passa por cirurgia

Para a maioria das mulheres que têm a endometriose moderada ou grave, o tratamento mais eficaz é eliminar o tecido endometrial que está fora do útero. Geralmente, esse procedimento é feito por uma laparoscopia abdominal, através de uma pequena incisão feita próxima ao umbigo. A cantora Anittta, que revelou recentemente ter endometriose e sofrer de dores em decorrência do problema há nove anos, foi submetida à cirurgia nesta quarta-feira. Segundo boletim divulgado ontem, ela se recupera de forma "satisfatória".

 

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