Em analises de fragmentos de Marte que foram encontrados na Terra, cientistas podem ter encontrado a chave para entender o porquê do planeta vermelho não desenvolveu vida e o planeta Terra sim — e como ocorreu a evolução de ambos os planetas.
O estudo da Universidade do Norte do Arizona (EUA), publicado na revista científica Nature Communications na terça-feira (12/7), analisou um meteorito (ejetado de Marte e que veio parar na Terra) que tem cerca de 4,48 bilhões de anos e que é, informalmente, chamado de "Beleza Negra".
Por ser tão antigo, o meteorito registrou o primeiro estágio da evolução de Marte e da Terra. "Como a Terra perdeu sua superfície antiga principalmente devido às placas tectônicas, observar essas configurações em terrenos extremamente antigos em Marte é uma rara janela para a antiga superfície da Terra que perdemos há muito tempo", explica Valerie Payré, uma das autoras do estudo.
Nas descobertas, os pesquisadores identificaram que a química do meteorito aponta para a existência de uma atividade vulcânica no planeta vermelho semelhante à Terra, embora o meteorito tenha sido ejetado da superfície de Marte há cinco a 10 milhões de anos após o impacto de um asteroide, sua região de origem e contexto geológico permaneciam um mistério.
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Os pesquisadores analisaram as propriedades químicas e físicas do Beleza Negra para identificar de onde ele veio e determinaram que era de uma parte chamada Terra Cimmeria-Sirenum — uma das regiões mais antigas de Marte.
"Pela primeira vez, conhecemos o contexto geológico da única amostra marciana observável disponível na Terra, 10 anos antes da missão Mars Sample Return da NASA enviar amostras coletadas pelo rover Perseverance, que atualmente explora a cratera Jezero”, explica A. Lagain, que também assina o estudo. “Esta pesquisa abriu o caminho para localizar o local de ejeção de outros meteoritos marcianos, a fim de criar a visão mais exaustiva da história geológica do Planeta Vermelho", complementa.
A complexidade da crosta marciana ainda não é completamente compreendida, e saber sobre a origem desses fragmentos antigos pode levar futuras explorações e missões espaciais a investigar a região da Terra Sirenum-Cimmeria que esconde a verdade da evolução de Marte, e talvez a da Terra, de acordo com os pesquisadores.
"Este trabalho abre caminho para localizar o local de ejeção de outros meteoritos marcianos que fornecerão a visão mais exaustiva da história geológica de Marte e responderão a uma das perguntas mais intrigantes: por que Marte, agora seco e frio, evoluiu de forma tão diferente da Terra, um planeta florescente para a vida?”, acrescenta Payré.
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