Nesta segunda-feira (11/7) e terça-feira (12/7), foram liberadas as primeiras imagens do telescópio espacial James Webb, mais poderoso da história da astronomia, 100 vez mais potente do que o antecessor, o Hubble. Com ele, a humanidade poderá entender o espaço em profundidade, como nunca antes visto.
O dispositivo de tamanha importância para a ciência, no entanto, leva o nome de um homem que não era nem cientista, nem engenheiro, mas que é descrito pela agência espacial norte-americana, a Nasa, como a pessoa que "fez mais pela ciência do que qualquer outro funcionário" do governo dos Estados Unidos.
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Quem é James Webb
James Edwin Webb nasceu em 1906, na pequena cidade de Tally Ho, no Estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Formou-se com bacharelado em Artes e Educação, em 1928. Serviu as Forças Armadas de 1930 a 1932 no Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos.
Em 1932, James Webb ingressou na carreira pública como membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos (equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil). Em 1936 formou-se Juris Doctor pela The George Washington University Law School e ingressou na ordem dos advogados do Distrito de Columbia.
Em 1944, voltou para o Corpo de Fuzileiros Navais como comandante no 28º Grupo de Controle Aéreo, onde atuou durante a Segunda Guerra Mundial. Após o fim da guerra, retornou para Washington e trabalhou no Escritório de Administração e Orçamento.
De 1949 a 1952, foi subsecretário no Departamento de Estado no governo de Harry S. Truman. Em fevereiro de 1961 foi convidado pelo presidente John F. Kennedy para assumir o cargo mais importante da agência espacial dos EUA: administrador da Nasa, em meio à corrida espacial contra os russos.
James Webb permaneceu no cargo durante quase toda a década de 1960, à frente do programa Apollo, que concretizou a viagem do homem à Lua. Ele defendia o equilíbrio entre os voos espaciais tripulados e a atividade científica, porque isso fortaleceria o ensino universitário e a indústria aeroespacial americana.
Segundo o site da Nasa, durante o comando de Webb, a agência investiu no desenvolvimento de espaçonaves robóticas para exploração do ambiente lunar antes da chegada dos astronautas, e enviou sondas para planetas como Marte e Vênus.
Em julho de 1969, James Webb se aposentou. Na época a Nasa já havia lançado mais de 75 missões espaciais para estudar estrelas, como o Sol, e a atmosfera da Terra.
Apesar do histórico de conquistas no setor aeroespacial, James Webb também traz em seu currículo algumas acusações de contribuição à descriminação à comunidade LGBTQIA+.
Em uma coluna publicada na revista científica Scientific American em março de 2021, um grupo de astrônomos protestou a escolha do nome do telescópio espacial.
"Honra-se (com a homenagem) um homem que aceitou as políticas homofóbicas do governo nas décadas de 1950 e 1960", escreveram os autores do texto, fazendo referência ao cargo de Webb como subsecretário do Departamento de Estado e como diretor da Nasa.
Para os cientistas, a homenagem seria a "antítese do sonho e da sensação que liberdade" que inspiram a exploração profunda do tempo e espaço.
"É lamentável, portanto, que o plano atual da Nasa seja lançar ao espaço esse incrível instrumento que leva o nome de um homem cujo legado é, na melhor das hipóteses, complicado e, na pior das hipóteses, reflete cumplicidade na discriminação homofóbica no governo federal", defenderam os cientístas.
Após investigação, a agência espacial afirmou não ter localizado evidências que justificasse a reversão da homenagem a James Webb.
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