EXPLORAÇÃO ESPACIAL

James Webb: conheça o militar que dá nome ao telescópio espacial

James Edwin Webb serviu as Forças Armadas norte-americanas durante a Segunda Guerra Mundial

Cecília Sóter
postado em 12/07/2022 12:54 / atualizado em 12/07/2022 13:29
 (crédito: Arquivo pessoal)
(crédito: Arquivo pessoal)

Nesta segunda-feira (11/7) e terça-feira (12/7), foram liberadas as primeiras imagens do telescópio espacial James Webb, mais poderoso da história da astronomia, 100 vez mais potente do que o antecessor, o Hubble. Com ele, a humanidade poderá entender o espaço em profundidade, como nunca antes visto.

  • Imagem em alta resolução do Quinteto de Stephan, um agrupamento visual de cinco galáxias Nasa/AFP
  • Imagem da Nebulosa de Carina captada pelo Telescópio James Webb da NASA NASA, ESA, CSA and STScI
  • Esta comparação lado a lado mostra observações da Nebulosa do Anel Sul em luz infravermelha próxima, à esquerda, e luz infravermelha média, à direita, do Telescópio James Webb da NASA NASA, ESA, CSA, and STScI
  • Nesta imagem de comparação divulgada pela NASA em 12 de julho de 2022, mostra os comprimentos de onda invisíveis do infravermelho próximo e médio da luz que foram traduzidos em cores de luz visível, uma das primeiras imagens tiradas pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST). Handout / NASA / AFP
  • Composição atmosférica do exoplaneta WASP-96b NASA, ESA, CSA, and STScI
  • James Webb, em 1966 Nasa

O dispositivo de tamanha importância para a ciência, no entanto, leva o nome de um homem que não era nem cientista, nem engenheiro, mas que é descrito pela agência espacial norte-americana, a Nasa, como a pessoa que "fez mais pela ciência do que qualquer outro funcionário" do governo dos Estados Unidos.

Quem é James Webb

 

James Webb em 1966
James Webb em 1966 (foto: Nasa)

James Edwin Webb nasceu em 1906, na pequena cidade de Tally Ho, no Estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Formou-se com bacharelado em Artes e Educação, em 1928. Serviu as Forças Armadas de 1930 a 1932 no Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos.

Em 1932, James Webb ingressou na carreira pública como membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos (equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil). Em 1936 formou-se Juris Doctor pela The George Washington University Law School e ingressou na ordem dos advogados do Distrito de Columbia.

Em 1944, voltou para o Corpo de Fuzileiros Navais como comandante no 28º Grupo de Controle Aéreo, onde atuou durante a Segunda Guerra Mundial. Após o fim da guerra, retornou para Washington e trabalhou no Escritório de Administração e Orçamento.

De 1949 a 1952, foi subsecretário no Departamento de Estado no governo de Harry S. Truman. Em fevereiro de 1961 foi convidado pelo presidente John F. Kennedy para assumir o cargo mais importante da agência espacial dos EUA: administrador da Nasa, em meio à corrida espacial contra os russos.

James Webb permaneceu no cargo durante quase toda a década de 1960, à frente do programa Apollo, que concretizou a viagem do homem à Lua. Ele defendia o equilíbrio entre os voos espaciais tripulados e a atividade científica, porque isso fortaleceria o ensino universitário e a indústria aeroespacial americana.

Segundo o site da Nasa, durante o comando de Webb, a agência investiu no desenvolvimento de espaçonaves robóticas para exploração do ambiente lunar antes da chegada dos astronautas, e enviou sondas para planetas como Marte e Vênus.

Em julho de 1969, James Webb se aposentou. Na época a Nasa já havia lançado mais de 75 missões espaciais para estudar estrelas, como o Sol, e a atmosfera da Terra.

Apesar do histórico de conquistas no setor aeroespacial, James Webb também traz em seu currículo algumas acusações de contribuição à descriminação à comunidade LGBTQIA+.

Em uma coluna publicada na revista científica Scientific American em março de 2021, um grupo de astrônomos protestou a escolha do nome do telescópio espacial.

"Honra-se (com a homenagem) um homem que aceitou as políticas homofóbicas do governo nas décadas de 1950 e 1960", escreveram os autores do texto, fazendo referência ao cargo de Webb como subsecretário do Departamento de Estado e como diretor da Nasa.

Para os cientistas, a homenagem seria a "antítese do sonho e da sensação que liberdade" que inspiram a exploração profunda do tempo e espaço.

"É lamentável, portanto, que o plano atual da Nasa seja lançar ao espaço esse incrível instrumento que leva o nome de um homem cujo legado é, na melhor das hipóteses, complicado e, na pior das hipóteses, reflete cumplicidade na discriminação homofóbica no governo federal", defenderam os cientístas.

Após investigação, a agência espacial afirmou não ter localizado evidências que justificasse a reversão da homenagem a James Webb.

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