EXPLORAÇÃO ESPACIAL

James Webb: confira as primeiras imagens feitas pelo telescópio espacial

Os primeiros alvos do telescópio são a Nebulosa de Carina, a Nebulosa do Anel do Sul, o exoplaneta WASP-96b, o Quinteto de Stephen e aglomerado de galáxias SMACS 0723

Roberto Fonseca
Camilla Germano
postado em 12/07/2022 11:41 / atualizado em 12/07/2022 12:50
Imagem da Nebulosa de Carina captada pelo Telescópio James Webb da NASA -  (crédito: NASA, ESA, CSA and STScI)
Imagem da Nebulosa de Carina captada pelo Telescópio James Webb da NASA - (crédito: NASA, ESA, CSA and STScI)

A Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, divulgou, na manhã desta terça-feira (12/7), novas imagens feitas pelo telescópio espacial James Webb. Lançado ao espaço em 25 de dezembro do ano passado, em parceria com a ESA (Agência Espacial Europeia) e a CSA (Agência Espacial Canadense), o equipamento custou US$ 10 bilhões. As imagens reveladas nesta terça-feira mostram as Nebulosas de Carina e do Anel do Sul; o exoplaneta WASP-96b; o Quinteto de Stephen; e o campo profundo do universo, o aglomerado de galáxias SMACS 0723.

  • Imagem em alta resolução do Quinteto de Stephan, um agrupamento visual de cinco galáxias Nasa/AFP
  • Imagem da Nebulosa de Carina captada pelo Telescópio James Webb da NASA NASA, ESA, CSA and STScI
  • Imagem do Quinteto de Stephen, um aglomerado de cinco galáxias, captada pelo telescópio James Webb NASA, ESA, CSA, and STScI
  • Esta comparação lado a lado mostra observações da Nebulosa do Anel Sul em luz infravermelha próxima, à esquerda, e luz infravermelha média, à direita, do Telescópio James Webb da NASA NASA, ESA, CSA, and STScI
  • Imagem feita pelo telescópio James Webb da Nebulosa do Anel do Sul Reprodução/Youtube/NASA TV
  • Imagem feita pelo telescópio James Webb da Nebulosa do Anel do Sul Reprodução/Youtube/NASA TV
  • Composição atmosférica do exoplaneta WASP-96b NASA, ESA, CSA, and STScI
  • A primeira imagem captada pelo James Webb é o aglomerado de galáxias SMACS 0723 Divulgação/Nasa

Nebulosa de Carina

Conhecida como uma das maiores e mais brilhantes do céu, a Nebulosa de Carina é um berçário estelar, pois estrelas nascem entre as nuvens e os tufos. Ela está localizada a 7.500 anos-luz da Terra.

A paisagem de "montanhas" e "vales" salpicados de estrelas brilhantes é, na verdade, a borda de uma região jovem e próxima de formação de estrelas chamada NGC 3324 na Nebulosa Carina. Capturada em luz infravermelha pelo James Webb, esta imagem revela, pela primeira vez, áreas anteriormente invisíveis de nascimento de estrelas.

Chamado de Penhascos Cósmicos, a imagem aparentemente tridimensional de Webb parece montanhas escarpadas em uma noite enluarada. Na realidade, é a borda da gigantesca cavidade gasosa dentro da NGC 3324, e os “picos” mais altos nesta imagem têm cerca de sete anos-luz de altura. "A área cavernosa foi esculpida na nebulosa pela intensa radiação ultravioleta e ventos estelares de estrelas jovens extremamente massivas, quentes e localizadas no centro da bolha, acima da área mostrada nesta imagem", diz a Nasa.

Nebulosa do Anel do Sul

A Nebulosa do Anel do Sul é uma concha de gás em expansão de um sistema estelar binário onde uma estrela perdeu seu envelope gasoso e se transformou em uma anã branca, brasas brilhantes de estrelas que queimaram todo o combustível de hidrogênio. Cerca de 95% de todas as estrelas vão se tornar anãs brancas eventualmente, até mesmo o Sol.

A estrela mais escura no centro da imagem tem enviado anéis de gás e poeira por milhares de anos em todas as direções. Segundo a Nasa, o James Webb revelou, pela primeira vez, que esta estrela está envolta em poeira.

Duas câmeras a bordo do Webb capturaram a imagem mais recente desta nebulosa planetária, catalogada como NGC 3132, e conhecida informalmente como Nebulosa do Anel Sul. Está a aproximadamente 2.500 anos-luz de distância.

O Webb permitirá que os astrônomos investiguem muito mais detalhes sobre nebulosas planetárias como esta – nuvens de gás e poeira expelidas por estrelas moribundas. "Compreender quais moléculas estão presentes e onde elas se encontram nas camadas de gás e poeira ajudará os pesquisadores a refinar seu conhecimento sobre esses objetos", afirma a Nasa.

Espectro do exoplaneta WASP-96b

WASP-96b é um dos mais de 5.000 exoplanetas confirmados na Via Láctea. Localizado a cerca de 1.150 anos-luz de distância na constelação de Phoenix, no céu do sul, representa um tipo de gigante gasoso que não tem análogo direto em nosso sistema solar. Com uma massa menor que a metade de Júpiter e um diâmetro 1,2 vezes maior, o WASP-96 b é muito mais inchado do que qualquer planeta que orbita nosso Sol. E com uma temperatura superior a 537°C, é significativamente mais quente. WASP-96 b orbita extremamente perto de sua estrela parecida com o Sol, apenas um nono da distância entre Mercúrio e o Sol, completando um circuito a cada três dias e meio terrestres.

O James Webb capturou a assinatura distinta da água, com evidências de nuvens e neblina, na atmosfera ao redor de um planeta gigante gasoso quente e inchado orbitando uma estrela distante parecida com o Sol.

A observação, que revela a presença de moléculas de gás específicas com base em pequenas diminuições no brilho de cores precisas da luz, é a mais detalhada até hoje, demonstrando a capacidade sem precedentes do Webb de analisar atmosferas a centenas de anos-luz de distância.

Enquanto o telescópio espacial Hubble analisou várias atmosferas de exoplanetas nas últimas duas décadas, capturando a primeira detecção clara de água em 2013, a observação imediata e mais detalhada de Webb marca um salto gigantesco na busca de caracterizar planetas potencialmente habitáveis além da Terra.

Quinteto de Stephen

Localizado a 290 milhões de anos-luz de distância, o Quinteto de Stephan é um agrupamento visual de cinco galáxias, em que elas interagem umas com as outras há milhões de anos e criam estruturas cheias de atividade cósmica. Este enorme mosaico é a maior imagem de Webb até hoje, cobrindo cerca de um quinto do diâmetro da Lua. Ele contém mais de 150 milhões de pixels e é construído a partir de quase 1.000 arquivos de imagem separados. "As informações do Webb fornecem novos insights sobre como as interações galácticas podem ter impulsionado a evolução das galáxias no início do universo", afirma a Nasa.

Com sua poderosa visão infravermelha e resolução espacial extremamente alta, Webb mostra detalhes nunca antes vistos neste grupo de galáxias. Aglomerados cintilantes de milhões de estrelas jovens e regiões estelares de novos nascimentos de estrelas enfeitam a imagem. Caudas de gás, poeira e estrelas estão sendo puxadas de várias galáxias devido a interações gravitacionais. Mais dramaticamente, Webb captura enormes ondas de choque quando uma das galáxias, NGC 7318B, atravessa o aglomerado.

Campo profundo do universo

O James Webb produziu a imagem infravermelha mais profunda e nítida do universo distante até hoje. Conhecida como o Primeiro Campo Profundo de Webb, esta imagem do aglomerado de galáxias SMACS 0723 está repleta de detalhes.

Milhares de galáxias — incluindo os objetos mais fracos já observados no infravermelho — apareceram na visão de Webb pela primeira vez. Esta fatia do vasto universo cobre um pedaço de céu aproximadamente do tamanho de um grão de areia mantido à distância de um braço por alguém no chão. 

Você pode assistir à transmissão completa abaixo:

 

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