"Antes mesmo de sabermos sobre a existência dos vírus, Eduard Jenner, na Inglaterra, descobriu a primeira vacina, em 1796. Livrou o mundo da famigerada varíola, altamente mortal e que dizimou inúmeras civilizações. Na época, não havia o domínio de tecnologias como as que temos hoje, ou mesmo o conhecimento de vários agentes etiológicos. Na atualidade, é inadmissível negar os benefícios associados às vacinas. Mais inadmissível ainda é pensar que um país pode sobreviver de forma isolada, como se estivesse em uma bolha, imune a rede de conexões globalizadas onde os micro-organismos e vetores podem se espalhar em dias, horas ou minutos. A segurança global depende de ações solidárias, políticas de proteção e prevenção igualitária. Sem equidade, todos somos vulneráveis. Um exemplo é a corrida desigual pelas vacinas, onde os ricos tentam assegurar seus palácios e não sabem que as fronteiras físicas nem sempre são suficientes. Temos alguns inimigos invisíveis que não respeitam classes sociais. Vacina deve ser um bem acessível a todos."
Joana D'arc Gonçalves, médica infectologista do Centro Especializado em Doenças Infecciosas (Cedin)