Um estudo conjunto das Universidades de Sheffield, no Reino Unido, e da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, identificou mais de mil genes ligados ao desenvolvimento de casos graves de covid-19. Isso é uma descoberta significativa, segundo os pesquisadores, para começar a entender porque algumas pessoas apresentam sintomas mais severos do coronavírus — e outras não.
A pesquisa foi publicada no jornal científico Cell systems na terça-feira (14/6) — você pode ler na íntegra neste link — e mostrou que os mil genes identificados são responsáveis por 77% dos condutores dos casos graves de covid-19.
Primeiramente, os pesquisadores analisaram os dados genéticos de células do tecido pulmonar de um humano saudável. Os dados ajudaram a identificar a expressão gênica em 19 tipos diferentes de células pulmonares, incluindo células epiteliais que revestem o trato respiratório e são a primeira defesa contra infecções.
Na sequência, eles observaram dados coletados pela COVID-19 Host Genetics Initiative — um banco de dados de saúde —, em busca de pistas genéticas (como mutações de DNA, chamadas polimorfismos de nucleotídeo único) que poderiam indicar se alguém é mais suscetível de ter covid-19 gravemente.
Buscas por respostas
Baseado nas descobertas, os pesquisadores precisaram verificar se as mutações encontradas poderiam aumentar as chances de infecção grave por covid-19. Assim, eles realizaram uma pesquisa em todo o genoma no tecido pulmonar para as mutações de pacientes com a doença e de pacientes saudáveis.
Embora estivesse claro para eles quais mutações tinham maior probabilidade de transmitir risco da doença, os pesquisadores ainda não sabiam quais genes eram afetados por tais mutações. Para ter a lista final de genes, eles usaram pistas moleculares para decifrar a região do genoma em que a mutação ocorreu e, finalmente, restringir a região a genes específicos.
“Quando você está estudando a base genética da doença, você está tentando identificar as regiões do genoma que são responsáveis. Se você sabe onde pescar – todos os pontos quentes, neste caso, as regiões genômicas ativas nos pulmões – você tem uma chance muito maior de pegar mais peixes do que se estivesse procurando em todo o oceano”, explica Michael Snyder, um dos autores do estudo.
Os pesquisadores também tinham interesse em saber quais tipos de células abrigavam uma expressão genética defeituosa. Assim, o estudo determina também que casos severos de covid-19 estão associados a uma resposta enfraquecida de duas células imunes — as células NK (Natural Killer) e as células T.
“As células NK, com as quais os humanos nascem e são a primeira linha de defesa do corpo contra infecções, são conhecidas por sua capacidade de destruir vírus e células cancerígenas. Elas são como generais que dirigem a guerra. Eles mobilizam outras células imunológicas, dizendo-lhes para onde ir e o que fazer. Descobrimos que em pessoas com infecção grave por coronavírus, os genes críticos nas células NK são menos expressos, portanto, há uma resposta imune menos robusta. A célula não está fazendo o que deveria fazer", explica o médico Johnathan Cooper-Knock, outro autor do estudo.
“Nossas descobertas estabelecem as bases para um teste genético que pode prever quem nasce com um risco aumentado de covid-19 grave”, disse ele. “Imagine que existam 1.000 mudanças no DNA ligadas ao covid-19 grave. Se você tiver 585 dessas alterações, isso pode torná-lo bastante suscetível, e você deve tomar todas as precauções necessárias”, complementa Snyder.
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