Identificada em 11 países europeus e nos Estados Unidos, a misteriosa hepatite aguda infantil exige medidas "muito urgentes", segundo Gerald Rockenschaub, diretor regional para emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa. Segundo o boletim mais recente, até agora, foram registrados 169 casos da doença, sendo 100 ainda ativos. Desses, ao menos 60 concentram-se no Reino Unido.
"É muito urgente. Estamos dando prioridade absoluta a isso, trabalhando de muito perto com o Centro Europeu de Controle de Doenças e com o Reino Unido, onde está a grande maioria dos casos", disse Rockenschaub, citado pela agência Lusa. Ele participou, ontem, de um encontro com autoridades de saúde portuguesas no Infarmed, em Lisboa.
"Até agora, não está totalmente claro (o que provoca a doença). Há indicação de que um adenovírus possa ser responsável, mas estamos trabalhando com outros países afetados para recolher informação, avançar na investigação e chegar rapidamente ao fundo disso e tomar medidas para evitar mais contágios", declarou Rockenschaub. Ao menos uma criança morreu e, em 10% dos casos, foi necessário realizar um transplante de fígado.
Anunciado pela OMS em 15 de abril, o surto afeta crianças de 1 a 16 anos e caracteriza-se por inflamações no fígado, sintomas gastrointestinais e elevação das enzimas hepáticas. "Esses casos são de grande preocupação", comenta Thomas Baumert, hepatologista e virologista do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm), na França.
"A associação com sintomas gastrointestinais apontam para uma infecção, provavelmente de origem viral diferente das conhecidas. Esse desafio subsequente à pandemia de covid novamente destaca a importância de estarmos preparados para doenças infecciosas emergentes", aponta.