Especialistas britânicos resolveram procurar candidatos a uma nova classe de protetor solar em compostos de algas marinhas. Após uma série de análises feitas com essas plantas, eles extraíram o aminoácido palitina, que é semelhante à micosporina (MAA), um elemento químico responsável pela fotoproteção de diversos organismos aquáticos.
"Os MAAs são compostos naturais produzidos em organismos que vivem em ambientes de águas rasas", detalha Karl Lawrence, pesquisador do Instituto de Dermatologia do King's College London e um dos autores do estudo, publicado no periódico British Journal of Dermatology.
Usando células da pele humana, os pesquisadores mostraram que, mesmo em concentrações muito baixas, a palitina pode absorver os raios nocivos do Sol e proteger a pele da radiação. Também mostraram, em laboratório, que esse aminoácido proveniente de algas marinhas é um poderoso antioxidante, podendo oferecer proteção à pele contra o estresse oxidativo. Essa reação química é responsável por danos celulares e pelo fotoenvelhecimento.
Segundo Lawrence, a exposição à radiação solar induz a altos níveis de estresse oxidativo, e os protetores atuais não oferecem esse tipo de proteção. "Nossos dados mostram que, com mais pesquisa e desenvolvimento, os protetores solares de origem marinha podem ser uma possível solução com impacto positivo significativo na saúde dos habitats marinhos e da vida selvagem, ao mesmo tempo em que fornecem uma blindagem ainda mais eficaz aos danos solares causados à pele humana", enfatiza Antony Young, também autor do estudo.
Segundo Keila Pati, dermatologista do Hospital Santa Marta, em Brasília, a substância em teste pode inclusive facilitar os cuidados rotineiros com a pele. "Existem diversos antioxidantes derivados de produtos naturais que, se usados associados aos protetores solares, potencializam a ação anti-UV. Eles existem tanto na forma oral quanto na tópica. Mas, infelizmente, ainda não são usados como substitutos dos filtros solares habituais. Acredito que esse seja o caminho, como esse artigo propõe", explica.
Para a médica, também é importante desenvolver protetores que beneficiem o maior número de pessoas possível. "É de suma importância o desenvolvimento desse tipo de produto, já que todas as formas de vida no nosso planeta estão interligadas, e algum desequilíbrio desses ecossistemas acaba afetando, mesmo que indiretamente, a nossa saúde e o nosso bem-estar. Além do desenvolvimento desses novos recursos, devemos buscar que eles venham ao consumidor a um valor acessível, além de conscientizar a população sobre a importância dessas novas ações, para que haja uma maior aderência de todos." (VS)