O grupo farmacêutico suíço Roche desenvolveu um teste de PCR capaz de detectar o vírus da varíola do macaco. No anúncio, feito ontem, a empresa explicou que a criação do método de detecção da doença, caracterizada por lesões cutâneas, foi motivada pelo recente aumento de casos dessa infecção, que já foi registrada em 16 países e tem preocupado especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os testes foram produzidos pela Roche e sua filial alemã TIB Molbiol, numa parceria que também foi responsável pelo desenvolvimento de métodos de identificação da variante ômicron do novo coronavírus. De acordo com os responsáveis, as novas tecnologias não se destinam ao público em geral, ou seja, não serão vendidas em farmácias e centros médicos, mas estarão disponíveis para fins de pesquisa na maioria dos países do mundo.
Os cientistas criaram três versões de sistemas de detecção. O primeiro é capaz de identificar a presença de qualquer patógeno da família orthopoxvírus, enquanto o segundo reconhece especificamente o vírus da varíola do macaco. O terceiro torna possível detectar a presença e o tipo de mais de um orthopoxvirus, especificando se um deles é varíola do macaco.
"Devido à urgência da crise de saúde em que vivemos, buscamos fabricar de forma mais rápida possível uma nova série de testes, que ajudem na detecção dessa varíola, contribuindo assim para o seu monitoramento e auxiliando a conter a disseminação dessa enfermidade", destacou, em um comunicado à imprensa, a diretoria da divisão de diagnósticos da Roche.
Segundo a OMS, a varíola do macaco só pode ser detectada com um teste de PCR, que envolve a análise do material genético de um patógeno. Isso porque, esclareceu a agência das Nações Unidas, os testes antigênicos não são capazes de determinar se o agente infeccioso presente nas amostras analisadas é de origem símia ou de outros vírus da mesma família. A organização também destacou que o melhor material para realizar a detecção da enfermidade são os fluidos retirados das lesões na pele desencadeadas pela infecção.
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Surto atípico
Até o início da semana, mais de 250 casos da doença haviam sido oficialmente registrados em 16 países. Segundo a OMS, trata-se de um surto atípico, pois ocorre em países onde a varíola do macaco não é endêmica. Essa zoonose viral (vírus transmitido aos humanos por animais), cujos sintomas são menos graves do que os observados no passado em indivíduos com varíola, foi detectada pela primeira vez em humanos em 1970, na República Democrática do Congo. Em 2003, episódios da infecção foram confirmados nos Estados Unidos, marcando os primeiros casos fora da África.
A maioria dos infectados do atual surto da doença teve contato com cães domésticos, que contraíram o patógeno por meio de roedores africanos importados. Os especialistas acreditam que a maioria dos casos recentes está relacionada à transmissão de humano para humano. Eles reforçam a necessidade de realização de mais estudos que ajudem a entender a situação.
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