Pesquisadores mostraram como o consumo moderado de ovos pode aumentar a quantidade de metabólitos saudáveis para o coração no sangue. O resultado da pesquisa foi publicado nesta terça-feira (24/5) na revista eLife.
As descobertas sugerem que comer até um ovo por dia pode ajudar a diminuir o risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
Os ovos são uma rica fonte de colesterol dietético, mas também contêm uma variedade de nutrientes essenciais. Há evidências conflitantes sobre se o consumo de ovos é benéfico ou prejudicial à saúde do coração.
Um estudo de 2018 publicado na revista Heart, que incluiu aproximadamente meio milhão de adultos na China, descobriu que aqueles que comiam ovos diariamente (cerca de um ovo por dia) tinham um risco substancialmente menor de doença cardíaca e derrame do que aqueles que comiam ovos com menos frequência.
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Agora, para entender melhor essa relação, os autores deste trabalho realizaram um estudo de base populacional explorando como o consumo de ovos afeta marcadores de saúde cardiovascular no sangue.
"Poucos estudos analisaram o papel que o metabolismo do colesterol plasmático desempenha na associação entre o consumo de ovos e o risco de doenças cardiovasculares, por isso, queríamos ajudar a resolver essa lacuna", explica Lang Pan, MSc no Departamento de Epidemiologia e Bioestatística da Universidade de Pequim, na China.
Pan e a equipe selecionaram 4.778 participantes do China Kadoorie Biobank, dos quais 3.401 tinham doenças cardiovasculares e 1.377, não. Eles usaram uma técnica chamada ressonância magnética nuclear direcionada para medir 225 metabólitos em amostras de plasma retiradas do sangue dos participantes. Desses metabólitos, eles identificaram 24 que estavam associados a níveis autorrelatados de consumo de ovos.
As análises mostraram que os indivíduos que comiam uma quantidade moderada de ovos tinham níveis mais altos de uma proteína no sangue chamada apolipoproteína A1 — um bloco de construção da lipoproteína de alta densidade (HDL), também conhecida como "boa lipoproteína". Esses indivíduos, especialmente, tinham mais moléculas grandes de HDL no sangue, que ajudam a limpar o colesterol dos vasos sanguíneos e, assim, protegem contra bloqueios que podem levar a ataques cardíacos e derrames.
Os pesquisadores identificaram ainda 14 metabólitos que estão ligados a doenças cardíacas. Eles descobriram que os participantes que comiam menos ovos tinham níveis mais baixos de metabólitos benéficos e níveis mais altos de nocivos no sangue, em comparação com aqueles que comiam ovos com mais regularidade.
"Juntos, nossos resultados fornecem uma explicação potencial de como comer uma quantidade moderada de ovos pode ajudar a proteger contra doenças cardíacas", diz o autor Canqing Yu, professor associado do Departamento de Epidemiologia e Bioestatística da Universidade de Pequim.
"Mais estudos são necessários para verificar os papéis causais que os metabólitos lipídicos desempenham na associação entre o consumo de ovos e o risco de doença cardiovascular”, completou o pesquisador.
"Este estudo também pode ter implicações para as diretrizes dietéticas nacionais chinesas", acrescenta o autor sênior Liming Li, distinto professor do Departamento de Epidemiologia e Bioestatística da Universidade de Pequim.
"As atuais diretrizes de saúde na China sugerem comer um ovo por dia, mas os dados indicam que o consumo médio é menor do que isso. Nosso trabalho destaca a necessidade de mais estratégias para incentivar o consumo moderado de ovos entre a população, para ajudar a diminuir o risco geral de doenças cardiovasculares", completou.
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