O frio chegou com tudo em Brasília na última semana. Com mínima de 3ºC, a capital do país teve o dia mais frio da história na quinta-feira (19/5), com mínima de 1,4ºC. A onda de frio levanta uma série de questões, uma delas é a relação entre as bebidas alcóolicas e o frio.
O Correio conversou com médico Kaue Kranholdt, nutrólogo do Espaço Volpi, para entender essa combinação e saber os principais efeitos das bebidas no organismo.
O médico explica que existe um equivoco geral de que o álcool esquenta o corpo e que pode facilitar o organismo a regular a temperatura, mas isso não ocorre.
Segundo Kaue, o nosso organismo tende a fazer uma vasoconstrição periférica — que é um desvio sanguíneo de órgãos não prioritários — para controlar a temperatura e preservar, principalmente, a temperatura nos órgãos e nas áreas nobres do corpo. "Quando o álcool estimula essas vasodilatações periféricas, ele está atrapalhando nossa regulação geral do organismo", pontua Kaue.
Isso, segundo o nutrólogo, pode ser um risco, principalmente numa exposição ao frio prolongada ou até se envolver esforço físico. "De uma maneira geral, o aumento do consumo de álcool no tempo frio é mais comprometedor para saúde, ele não ajuda a regular a temperatura e ainda pode induzir a desidratação por conta da pressão do ADH (hormônio antidiurético) que ele faz e no frio as pessoas tendem a ingerir menos água, então ele pode piorar mesmo o contexto de desidratação", explica.
Além disso, o especialista alerta para outras consequências das bebidas no corpo. "O álcool também influencia numa dificuldade do organismo de como fazer o controle do distúrbio ácido base, induzido, principalmente, por esforço físico", pontua. Ele também pode causar distúrbios nas vias inflamatórias de cistotina e prostaglandina, pode comprometer a glicose e pode, eventualmente, comprometer a função cardiovascular, segundo Kaue.
"Ele (o álcool) é altamente calórico, considerando outros nutrientes da alimentação. Então, ele também vai atrapalhar uma boa dieta e o controle da composição corporal, porque também suprime a oxidação lipídica, que é a produção de energia a partir das reservas de gordura que o organismo tem" ressalta também.
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Outros problemas causados pelo álcool
O álcool também pode afetar o ganho de massa muscular, de acordo com Murilo Pires, personal do Studio Foco.
O profissional explica que os músculos dependem do colesterol para a produção de testosterona e que sem ela, o corpo não consegue manter, nem muito menos produzir, massa muscular. "Dentro da molécula de colesterol há uma vitamina chamada B3 (responsável pela conversão do colesterol em testosterona) e o álcool age destruindo essa vitamina, impedindo o desenvolvimento do músculo, além de destruí-lo", afirma.
"(O álcool) faz com que os níveis de insulina disparem fazendo com que se interrompa a síntese proteica, e nas mulheres, devido aos níveis mais baixos de testosterona, esse efeito é mais agressivo", complementa.
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