Uma dieta pobre em ômega-3 pode favorecer o surgimento de acnes, indica um grupo de cientistas da Alemanha. Ao avaliar os hábitos alimentares de 100 voluntários com a doença de pele, a equipe constatou que 94% deles apresentavam nível abaixo do recomendado desse ácido graxo no sangue. A descoberta, avaliam, pode ajudar no desenvolvimento de novas estratégias não medicamentosas para evitar o problema que afeta de 85% a 100% da população em algum momento da vida, estimam especialistas.
"A nutrição desempenha um papel fundamental na prevenção, no início e no curso de muitas doenças, incluindo distúrbios dermatológicos, como a acne", afirma, em comunicado, Anne Grtler, líder do estudo. "Como parte de uma abordagem moderna de tratamento, os médicos devem fornecer aos pacientes informações sobre como suas escolhas alimentares podem afetar o diagnóstico dermatológico e melhorar os resultados terapêuticos", completa a pesquisadora do Departamento de Dermatologia e Alergia da Universidade Ludwig-Maximilian, em Munique.
O ômega-3 pode ser encontrado em alimentos como legumes, algas, nozes, sementes, peixes não cultivados — salmão selvagem e sardinha, por exemplo. Ele estimula a produção de prostaglandinas E1 e E3 e leucotrieno B5, que conseguem diminuir inflamações — como a das glândulas sebáceas, o que dá origem à acne.
Além disso, essa gordura saudável reduz os níveis do fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1), o hormônio central que induz à acne. No estudo, os pacientes com níveis de ômega-3 inferiores a 8% apresentaram níveis mais elevados de IGF-1, quando comparados aos com taxas do composto conforme o recomendado. Nos voluntários com deficits ainda piores — inferiores a 4% —, os níveis do hormônio indutor de acne aumentaram ainda mais.
Segundo Grtler, durante muitos anos, a dieta ocidental foi ligada a uma maior vulnerabilidade ao surgimento de acne. Isso por conta dos efeitos diretos no níveis do hormônio IGF-1. "As medidas nutricionais preventivas e terapêuticas de acompanhamento, no entanto, ainda não foram suficientemente abordadas. A esse respeito, os ácidos graxos ômega-3 parecem mais promissores devido aos seus efeitos anti-inflamatórios", avalia.
Porém, a cientista pondera que os resultados obtidos agora não significam que a suplementação de ômega-3 pode ser indicada livremente como forma de evitar a acne. "Para determinar o efeito que um suplemento pode ter, os níveis basais do paciente precisam, primeiro, ser investigados a fim de avaliar se existem deficiências reais", explica. O estudo foi apresentado no Simpósio de Primavera da Academia Europeia de Dermatologia e Venereologia (EADV), que encerra hoje, na Eslovênia.
Professor-assistente do Departamento de Dermatologia e Venereologia da Universidade Akdeniz, Asli Bilgic ressalta que a acne é uma condição que pode ter grande impacto na vida pessoal e profissional. "É também um dos motivos mais frequentes de consulta na clínica geral, pois os pacientes procuram maneiras de aliviar os sintomas", diz.
Ter, entre as opções terapêuticas, uma abordagem simples é muito bem-vindo, avalia o especialista. "Essa pesquisa nos ajuda a dar um passo mais perto de fornecer tratamentos eficazes para milhões de pessoas que enfrentam constrangimento e estigma indo além das pomadas tópicas da pele e dos tratamentos sistêmicos clássicos. Ela vai para um caminho que pode trazer benefícios adicionais à saúde e reforça a ideia de que uma alimentação saudável é essencial para a remissão a longo prazo da acne", afirma.
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