aquecimento global

Mudanças climáticas estão tornando ondas de calor cada vez mais intensas

Correio Braziliense
postado em 12/05/2022 06:00
 (crédito: AFP)
(crédito: AFP)

As mudanças climáticas tornaram mais intensas as últimas ondas de calor que castigaram diversos países, mostram cientistas ingleses. Em um estudo feito em parceria com o centro de pesquisa internacional World Weather Attribution (WWA), os especialistas comprovaram que a elevação da temperatura global também pode aumentar a frequência e intensidade de inundações e secas em algumas regiões do mundo.

"Não há dúvida de que as alterações no clima estão influenciando a forma como as ondas de calor estão surgindo", comentou à agência de notícias France-Presse (AFP) Friederick Otto, pesquisador do Imperial College de Londres, no Reino Unido, e um dos autores do documento publicado no site da WWA. "Toda onda de calor no mundo, hoje, é mais forte e mais provável de ocorrer devido às mudanças climáticas causadas pelo homem", acrescentou Ben Clarke, cientista da Universidade de Oxford, que também participou do levantamento.

Para a realização do estudo, os pesquisadores usaram uma série de ferramentas computacionais e dados relacionados ao clima para calcular o quanto mais provável ou intensa uma determinada tempestade ou onda de calor se tornou devido ao aquecimento global. Como resultado, os especialistas viram, por exemplo, que as altas temperaturas verificadas no oeste da América do Norte em junho de 2021, com um registro recorde de 49,6°C no Canadá, teriam sido praticamente impossíveis de ocorrer sem as mudanças climáticas induzidas pelo homem.

O aumento das temperaturas também fez com que as chuvas e inundações recordes na Alemanha e na Bélgica, que deixaram mais de 200 mortos em julho do ano passado, fossem nove vezes mais prováveis. "A onda de calor que atingiu a Índia e o Paquistão, no mês passado, ainda está sob análise", informou Otto à AFP. "Mas o quadro geral é bastante assustador", acrescentou o especialista.

No trabalho, os especialistas destacam que a queima de combustíveis fósseis e a destruição de florestas liberam gases de efeito estufa na atmosfera suficientes para aumentar também a frequência e a intensidade de muitas enchentes, secas, incêndios florestais e tempestades tropicais nos próximos anos. "Não há dúvida de que a mudança climática é um grande divisor de águas quando se trata de calor extremo", ressaltou Otto. "O que vemos agora em termos de calor extremo será muito normal no futuro", opinou.

Corais

Ontem, um relatório de monitoramento divulgado pelo governo australiano revelou que uma onda de calor prolongada que atingiu o país em dezembro de 2021 provocou o branqueamento de 91% da Grande Barreira de Corais. Dos 719 recifes estudados, 654 (91%) mostraram danos por branqueamento. "A mudança climática está se agravando, e a Grande Barreira de Corais já está experimentando as consequências disso", advertiu o texto divulgado pelas autoridades australianas.

De acordo com os especialistas, os corais esbranquiçados continuam vivos e podem se recuperar, se as condições melhorarem, mas "os corais muito brancos apresentam níveis de mortalidade elevados", revelou o documento. "Embora seja cada vez mais frequente, o branqueamento não é normal e não devemos aceitar como se fosse", advertiu Lissa Schindler, ativista da Australian Marine Conservation Society.

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