Quando um tumor cerebral não metastático, o chamado meningioma, reaparece após a cirurgia e o tratamento com radiação, faltam opções terapêuticas. Isso ocorre em até 20% dos casos e pode levar à incapacidade do paciente ou até mesmo à morte. Uma equipe de cientistas dos Estados Unidos avalia uma droga que pode ajudar a mudar esse cenário.
Em testes com camundongos e voluntários, a droga conseguiu inibir o crescimento dos meningiomas mais agressivos. Trata-se de um inibidor do ciclo celular, o que significa que ele bloqueia o ciclo de divisão celular e inibe o crescimento do tumor.
Para constatar esse efeito, pesquisadores da Northwestern Medicine saíram em busca das mudanças moleculares do meningioma. Assim, poderiam entender o que impulsiona o crescimento desse câncer cerebral e projetar terapias que atingissem o seu o calcanhar de Aquiles.
Ao todo, foram analisados os perfis de metilação de DNA e do sequenciamento de RNA de 565 amostras de meningiomas. E a equipe chegou a genes que são expressos pelo tumor e o nível de expressão deles, revelando uma assinatura do DNA. Depois, os tumores foram classificados em três grupos, considerando sua biologia.
"Para cada grupo, encontramos um mecanismo biológico diferente promovendo o crescimento dos tumores, com cada grupo tendo um resultado clínico diferente", relata, em comunicado, Stephen Magill, professor-assistente de cirurgia neurológica na Northwestern University. O grupo contou com a colaboração de cientistas da Universidade da Califórnia, São Francisco e da Universidade de Hong Kong.
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Ensaios clínicos
No caso dos tumores mais agressivos, há múltiplas alterações moleculares em um caminho comum de divisão celular que permite que as células se dividam mais e voltem após a cirurgia, constatou a equipe. "Nós nos perguntamos se, inibindo esse caminho, poderíamos impedir o crescimento dos tumores", conta Magill.
O uso da droga experimental em ratos com meningiomas fez com que as cobaias vivessem mais e seus tumores não crescessem tão rapidamente. A abordagem também foi testada em voluntários, com resultados semelhantes: os tumores diminuíram de tamanho e os sintomas melhoraram. Os resultados sugerem que a abordagem deve ser considerada para ensaios clínicos, avalia o grupo. Os resultados obtidos, até agora, foram publicados na revista Nature Genetics.
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