Em 2019 os cientistas do mundo todo foram pegos de surpresa pela circulação de um novo tipo de coronavírus que causou a atual pandemia e 6,2 milhões de mortes em todo o planeta. Agora, pesquisadores da Universidade Cornel estudam como os vírus dessa família mudam durante a transmissão de outros mamíferos para pessoas. É uma estratégia para que possam se adiantar ao surgimento de possíveis novas ameças.
E a equipe parece ter encontrado uma boa pista ao estudar os coronavírus que começaram a infectar cachorros e, depois, passaram a contagiar humanos. Os casos foram relatados na Malásia entre 2017 e 2018.
“Este estudo identifica alguns dos mecanismos moleculares subjacentes à mudança do hospedeiro do coronavírus do cão para um novo hospedeiro humano, que também pode ser importante na circulação de um novo coronavírus humano que não conhecíamos anteriormente”, explica Michael Stanhope, o professor de saúde pública e ecossistêmica da Cornel.
Uma descoberta relevante, por exemplo, é que há um padrão entre os vários tipos de coronavírus. Nos animais, eles começam atacando o sistema gastrointestinal, e quando migram para humanos acabam se tornando vírus respiratórios.
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De acordo com o artigo, publicado na revista científica Viruses, a mudança é similar à que ocorreu no caso dos coronavírus que saltaram dos morcegos para os humanos. Nas duas situações, há uma nova formação do chamado terminal N, onde fica a famosa proteína spike, responsável pela ligação entre as células invasora e receptora.
“Portanto, esse é um padrão que parece estar se repetindo na evolução do coronavírus e, em particular, na evolução do coronavírus associada a essas mudanças de tropismo, onde passamos de uma infecção gastrointestinal originalmente e depois pulamos para um hospedeiro alternativo, onde agora é respiratório”, explica Stanhope.
Outra descoberta importante é que esse vírus foi encontrado no Haiti em 2021 em pessoas com infecções respiratórias e sintomas gripais. Agora, a equipe diz que mais estudos são necessários para entender como a mesma mutação ocorreu espontaneamente em diferentes partes do mundo. Outra hipótese é que esse coronavírus, que representaria o oitavo coronavírus humano conhecido, está circulando por, talvez, muitas décadas na população humana sem detecção.
O artigo completo intitulado Derramamento zoonótico recente e mudança de tropismo de um coronavírus canino está associado à seleção relaxada e perda putativa de função no subdomínio NTD da proteína Spike pode ser lido, em inglês, no site da revista Viruses.
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