Para pessoas com obesidade, o tamanho dos benefícios obtidos durante a perda de peso pode ter como referência o índice de massa corporal (IMC) calculado antes do processo de emagrecimento, afirmam pesquisadores ingleses. A equipe avaliou dados de 422.642 adultos para chegar à conclusão. "Nossas descobertas sugerem que um IMC inicial diferente pode influenciar o risco de desenvolver complicações específicas relacionadas à obesidade", resume, em comunicado à imprensa, Camilla S Morgen, uma das autoras do estudo e pesquisadora do Centro de Pesquisa em Diabetes da Universidade de Leicester.
Detalhes do trabalho foram apresentados no Congresso Europeu de Obesidade (ECO, na sigla em inglês), em andamento, na Holanda. Os participantes — cujas informações fazem parte do UK Clinical Practice Research Datalink, banco de dados de mais de 11 milhões de britânicos — tinham, em média, 51 anos e estavam na condição de obesidade (IMC de 30kg/m² ou mais) entre 2001 e 2010.
Os pesquisadores compararam como o risco de desenvolver 13 complicações relacionadas à obesidade — apneia do sono, osteoartrite de quadril/joelho, pressão alta, dislipidemia, angina instável, infarto do miocárdio, tromboembolismo venoso, fibrilação atrial, insuficiência cardíaca, doença renal crônica, asma, síndrome dos ovários policísticos (SOP) e depressão — poderia ser afetado pelo padrão de mudança de peso durante um período de quatro anos após a primeira medição do IMC — quando o índice médio dos participantes era 33,6.
A equipe descobriu que um IMC inicial mais baixo foi associado a uma maior redução do risco de SOP, apneia do sono e diabetes tipo 2 durante o emagrecimento. O mesmo não ocorreu entre os participantes com o IMC mais alto. "Por exemplo, uma perda de peso de 20% em pessoas a partir de um IMC de 30 foi associada a um risco relativo 56% menor de desenvolver diabetes tipo 2. A partir de um IMC de 50, a perda de peso semelhante reduziu esse risco em apenas 39%", ilustram os autores do artigo.
Os autores ponderam que as informações precisam ser validadas em novas pesquisas, já que fatores não avaliados pelo grupo também podem influenciar os resultados obtidos. Mesmo assim, os cientistas reforçam a importância de intervenções precoces no tratamento de pacientes com obesidade.
"Se a perda de peso intencional em pessoas que sofrem com obesidade com um IMC mais baixo de cerca de 30 é particularmente benéfica para a saúde e o ganho de peso é potencialmente prejudicial, devemos nos concentrar em um tratamento da obesidade feito mais cedo no curso da doença", declarou Kamlesh Khunti, também autor autor.
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Europa: epidemia de obesidade
Uma "epidemia" de sobrepeso e obesidade está castigando a Europa, alerta a OMS. A obesidade é a causa de 1,2 milhão de mortes por ano, ou seja, 13% dos óbitos na região, revela um estudo divulgado, ontem, pela agência da ONU. "A taxa de sobrepeso e obesidade atingiu níveis epidêmicos em toda a região e continua a progredir", indica o documento. Nenhum país da região foi capaz de conter o avanço e a magnitude do problema, que se agravou durante a pandemia da covid-19, período em que o sedentarismo e a alimentação pouco saudável se tornaram comuns. A OMS ressalta, ainda, a importância de reverter esse cenário. "As políticas de intervenção que focam em uma melhor nutrição provavelmente serão eficazes para conter essa epidemia."