O terceiro relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas informou que na última década o mundo teve o maior crescimento de emissões de gases de efeito estufa: 59 bilhões de toneladas até 2019, 12% a mais que em 2010. Se houver continuidade, a Terra terá um aquecimento de 3,2ºC, mais do que o dobro do limite estabelecido no Acordo de Paris.
O documento, publicado nesta segunda-feira (5/4), abordou o tema das mitigações - redução de emissões de gases de efeito estufa - e concluiu que, até o momento, a humanidade chegou a 80% de tudo que pode emitir. Portanto, é sugerido aos projetos com queimas de combustíveis fósseis a descontinuidade ou compensação nas emissões.
O IPCC também alertou que é possível cortar as emissões pela metade até 2030, mas para isso será necessário a implementação de estratégias e tecnologias, principalmente no setor de energia - em especial em eólica e solar.
Ao Brasil é apontado um sinal de risco nos investimentos, já que pode ocorrer um “encalhe” de ativos de carvão em 2030, em prol da redução da temperatura mundial. O que faz ser urgente aumentar a queda na queima de combustíveis, principalmente no setor industrial.
Inclusive, foi verificada uma diminuição de 0,3% por ano nas indústrias na última década. No entanto, o valor ainda está bem abaixo do que é necessário para cumprir o acordo. A diminuição precisaria ser de 7,7% por ano — 25 vezes maior.
O relatório evidência que, mais uma vez, o Brasil está indo na contramão, pois recentemente ampliou investimentos no pré-sal e sancionou uma lei que permite a construção de novas termelétricas a carvão até 2040.
Outro tema diretamente ligado ao país é a potencial redução das emissões no uso da terra, com a agropecuária e desmatamento. O relatório apontou que essa possibilidade é possível também por meio do investimento em tecnologia para reduzir o desmatamento.
Aliás, com um adendo, de que isso deve ser feito sem a substituição de uma redução pela de outros setores - ou seja, é preciso se observar a lógica do mercado de carbono. O investimento nessa proposta poderia cortar em até 14 bilhões de toneladas as emissões até 2050.