Os sons de Marte captados por um robô da Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos) ajudaram cientistas a compreender melhor como são as condições do planeta. Com as gravações, foi constatado que a velocidade do som é diferente da Terra e que, em algumas estações do ano, o planeta emite menos sons do que em outros. (Escute os sons ao fim da matéria).
O microfone do Perseverance Rover — robô que faz parte da missão Mars 2020 Perseverance, que tem como principal objetivo estudar a astrobiologia do Planeta — conseguiu captar os sons e, a partir das gravações, um estudo identificou que a velocidade do som é mais lenta no Planeta Vermelho do que na Terra, prevalecendo um profundo silêncio na maior parte do tempo.
O estudo — publicado na revista Nature nesta sexta-feira (1º/4) — revela a rapidez com que o som viaja pela atmosfera extremamente fina, composta principalmente de dióxido de carbono e como ele pode soar aos ouvidos humanos. Além disso, os cientistas usaram as gravações de áudio para sondar mudanças sutis de pressão do ar no planeta.
A grande diferença encontrada é que em Marte a velocidade do som é mais lenta do que na Terra, em que os sons normalmente viajam a 767 milhas por hora (343 metros por segundo). Mas, em Marte, os sons graves viajam a cerca de 240 metros por segundo, enquanto os sons mais agudos se movem a 250 metros por segundo.
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Segundo Sylvestre Maurice, astrofísico da Universidade de Toulouse, na França, e principal autor do estudo, os cientistas acreditavam que o microfone do robô estava quebrado, dado o silêncio no planeta. "Uma das características mais marcantes das gravações sonoras é o silêncio que parece prevalecer em Marte", afirmou.
Para Baptiste Chide, que também participou do estudo, o silêncio marciano é uma consequência por Marte ter uma atmosfera fina. "Marte é muito quieto por causa da baixa pressão atmosférica."
No entanto, eles explicam que a pressão lá muda conforme as estações e, por isso, nos próximos meses Marte pode ficar "mais barulhento". “Estamos entrando em uma temporada de alta pressão. Talvez o ambiente acústico em Marte seja menos silencioso do que quando pousamos", explicou Chide.