REINO UNIDO

Só 25% dos pacientes se recuperaram um ano após ter covid, diz estudo inglês

Estudo feito no Reino Unido mostra que três quartos das pessoas hospitalizadas apresentam o quadro chamado de "covid longa", quando os sintomas da infecção respiratória perduram após a fase aguda

Jéssica Gotlib
postado em 25/04/2022 20:28 / atualizado em 25/04/2022 20:49
Depois de mais de 500 milhões infectados ao redor do mundo, pesquisadores se preocupam que covid longa possa se tornar crônica -  (crédito: Pascal GUYOT / AFP)
Depois de mais de 500 milhões infectados ao redor do mundo, pesquisadores se preocupam que covid longa possa se tornar crônica - (crédito: Pascal GUYOT / AFP)

Só um quarto dos pacientes hospitalizados com covid-19 se recuperou totalmente um ano após a alta, aponta novo estudo feito no Reino Unido. A pesquisa foi publicada no portal especializado The Lancet Respiratory Medicine no último sábado (23/4). De acordo com os autores, “não existem intervenções farmacológicas ou não farmacológicas eficazes para pacientes com covid longa”, por isso, o artigo se debruçou sobre a descrição da recuperação das pessoas com o passar do tempo.

Para tanto, foram avaliados dados de 2.320 pessoas que saíram do hospital entre 7 de março de 2020 e 18 de abril de 2021. Os pesquisadores avaliaram o estado de saúde dos voluntários através de um questionário de autodescrição, além de testes de capacidade física e exames clínicos das funções de diversos órgãos. A recuperação foi descrita como “limitada” e a queda na qualidade de vida como “impressionante” pela doutora Rachael Evans, líder do estudo.

“Descobrimos que o sexo feminino e a obesidade foram os principais fatores de risco para não se recuperar em um ano… Em nossos aglomerados, o sexo feminino e a obesidade também foram associados com deficiências de saúde contínuas mais severas, incluindo desempenho reduzido em exercícios físicos e qualidade de vida”, detalhou a cientista.

Os sintomas de longo prazo mais comuns de covid foram fadiga, dores musculares, lentidão física, falta de sono e falta de ar. De acordo com a coautora Louise Wain, os achados mostram “necessidade urgente de serviços de saúde para apoiar essa grande e crescente população de pacientes na qual existe uma carga substancial de sintomas”.

Ela alerta para o risco de um novo estado crônico difundido por todo o mundo. “Sem tratamentos eficazes, a covid longa pode se tornar uma nova condição de longo prazo altamente prevalente. Nosso estudo também fornece uma justificativa para investigar tratamentos para covid longa com uma abordagem de medicina de precisão a fim de direcionar os tratamentos ao perfil do paciente individual”, complementa.

O artigo Características clínicas com perfil de inflamação de COVID longo e associação com recuperação de 1 ano após hospitalização no Reino Unido: um estudo observacional prospectivo pode ser lido na íntegra, em inglês, no site do The Lancet.

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