No Reino Unido, a aposta é reproduzir a sensação de um abraço. Para isso, cientistas criaram uma almofada eletrônica que, em testes iniciais, conseguiu reduzir sintomas de ansiedade em voluntários. "Nos inspiramos nos auxiliares de ansiedade, que podem ser usados em casa e funcionam como um complemento de outros tratamentos para transtornos dessa natureza (…) Dentro dessa categoria, um pequeno, mas crescente corpo de pesquisas tem explorado o potencial de dispositivos eletrônicos baseados em toque, os robôs terapêuticos interativos", detalham os autores do artigo que apresenta a tecnologia, publicado na última edição da revista Plos One.
No início do projeto, os cientistas construíram protótipos de dispositivos que simulavam diferentes sensações, como respiração, ronronar e batimentos cardíacos. Cada robô assumiu a forma de uma almofada macia e abraçável que deveria ser intuitiva e convidativa. Após uma série de testes, a equipe constatou que a "almofada de respiração" era a mais agradável e calmante, o que motivou o grupo a construir uma versão maior dessa tecnologia.
Com o novo modelo pronto, os especialistas partiram para a segunda etapa do projeto, em que foram recrutados 129 voluntários para um experimento que envolvia a realização de um teste de matemática em grupo. Metade dos participantes usou o aparelho antes de realizar a tarefa de raciocínio. A outra, não. Por meio de questionários, os pesquisadores descobriram que os alunos que usaram o robô do abraço ficaram menos ansiosos antes do teste do que aqueles do grupo de controles.
Saiba Mais
Meditação
O experimento também comparou a almofada de respiração a uma meditação guiada e descobriu que ambas as atividades eram igualmente eficazes para aliviar a ansiedade. "Ficamos empolgados ao descobrir que, ao segurarem a almofada de respiração, sem qualquer orientação, os usuários sentiram um efeito positivo, em forma semelhante à experiência de uma prática de meditação. Outra vantagem é que nosso dispositivo pode ser usado de forma intuitiva, sem complicações. Isso faz com que ele possa ser bem aproveitado por um público mais amplo", enfatiza, em comunicado, Alice Haynes, pesquisadora da Universidade de Bristol, no Reino Unido, e uma das autoras do estudo.
Os criadores da tecnologia acreditam que ela poderá ser usada para ajudar, por exemplo, estudantes prestes a fazer um exame, como um vestibular. A equipe, agora, espera refinar ainda mais a almofada e realizar testes na casa dos voluntários, além de investigar a resposta fisiológica das pessoas ao dispositivo, como mudanças na frequência cardíaca ou nos padrões respiratórios. Nesse caso, o objetivo é elucidar mecanismos específicos pelos quais o dispositivo pode aliviar a ansiedade.