O principal desafio na campanha de vacinação contra covid-19 no Brasil, neste momento, é a imunização de crianças de 5 a 11 anos. Esta é a avaliação de pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que divulgaram nesta quarta-feira (16/3) uma nota técnica que mostra as diferenças de cobertura vacinal da covid-19 nos diferentes grupos etários. Segundo o documento, apenas 4,7% das crianças de 5 a 11 anos completaram a vacinação contra a covid-19.
Iniciada em janeiro, a vacinação do público infantil ainda se mostra estagnada. O percentual dessa população com uma dose é de 39,3%. Para os pesquisadores da Fiocruz, "os divulgadores de notícias falsas elevaram o tom da especulação, causando insegurança em muitos pais sobre os riscos de vacinar seus filhos".
O grupo etário de 5 a 11 anos corresponde 9,5% da população total do país. Dessa forma, a conclusão do esquema vacinal se faz ainda mais necessária. "Sem a cobertura adequada a ela, o Brasil não atingirá patamares adequados de cobertura populacional", diz o boletim.
O início da vacinação do público infantil foi marcado pela resistência do governo federal. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, chegou a dizer, mais de uma vez, não ter pressa para iniciar a imunização do grupo e que "a pressa é inimiga da perfeição" em relação à vacinação de crianças.
Estratégias
A nota que tem como objetivo ajudar a criar estratégias para aumentar a eficiência da campanha vacinal no país, aponta que "cabe, naturalmente, sensibilizar os pais a respeito da aplicação em crianças de 5 a 11 anos"
Para o grupo de 12 a 17 anos, por exemplo, que possui uma cobertura de segunda dose de 57,5%, muito menor que o restante das faixas etárias, a nota indica que é preciso realizar ações educativas e oferta de vacina no ambiente escolar e locais de convivência social.
Reforço
Ainda que a vacinação infantil, de crianças de 5 a 11 anos, seja o principal desafio da campanha de imunização contra covid-19 atualmente, o avanço da aplicação de dose de reforço também chama atenção. Nenhuma faixa etária atingiu cobertura vacinal de 80% da dose de reforço, por exemplo.
Segundo o relatório da Fiocruz, nem mesmo a faixa etária de 80 anos ou mais atingiu os 80% de cobertura da dose de reforço. Neste grupo, 71,3% tomaram a dose adicional. O maior índice de cobertura referente ao reforço da vacina, 76%, foi atingido pelo grupo etário que tem entre 75 e 79 anos.