Uma pesquisa da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, identificou que as mulheres que tiveram filhos pela primeira vez durante a pandemia eram mais suscetíveis a apresentar quadros de depressão pós-parto. Uma em cada cinco mulheres tinham sintomas depressivos, um valor quase três vezes maior do que antes da pandemia de covid-19.
O estudo — publicado na revista científica BMC Research Notes — coletou dados entre fevereiro e julho de 2020, escutando cerca de 670 mulheres que forneceram informações e completaram a Escala de Depressão Pós-natal de Edimburgo (EPDS), um instrumento de autoavaliação que serve para ajudar pais e mães a saber se precisam procurar ajuda de psicólogos ou psiquiatras.
As análises identificaram que uma a cada cinco mulheres apresentou sintomas depressivos graves no começo de 2020. Antes da pandemia, o número de mulheres que apresentavam depressão pós-parto era uma em cada oito e cerca de 5% a 7% apresentavam um quadro de depressão mais grave.
Além disso, as análises mostraram que as mães que utilizavam "fórmula" para alimentar seus bebês tinham 92% mais chances de apresentar depressão pós-parto e foram 73% mais propensas a ter sintomas depressivos maiores, em comparação com aquelas que amamentaram. Outro dado identificado foi que as mães que tinham bebês na UTI neonatal tinham 74% mais chance do diagnóstico de depressão.
Mães que estavam preocupadas em contrair covid-19 também apresentaram mais chance de ter sintomas depressivos e cerca de 71% das participantes tiveram depressão pós-parto.
Segundo Clayton Shuman, principal autor do estudo, os dados coletados mostram uma necessidade de se falar mais sobre a depressão pós-parto. “Recursos e educação sobre a depressão pós-parto devem ser melhor divulgados e implementados. Esses recursos devem ser compartilhados com o público em geral para reduzir o estigma e compartilhados com aqueles que fornecem apoio social e emocional às puérperas, como parceiros e familiares”, explica ele.