Os pesquisadores britânicos destacaram que ainda não é possível prever quais os indivíduos que correm mais risco de ter o bem-estar afetado pelo uso excessivo de redes sociais. "Nossa modelagem estatística examina médias. Isso significa que nem todo jovem experimentará um impacto negativo em seu bem-estar com o uso das mídias sociais", afirma Rogier Kievit, professor de neurociência do desenvolvimento do Instituto Donders para Cérebro, Cognição e Comportamento. "Para alguns, muitas vezes, terá um impacto positivo. Alguns podem usar a mídia social para se conectar com amigos, lidar com um determinado problema ou porque não têm ninguém com quem conversar sobre algo específico ou como se sentem. Para esses indivíduos, a mídia social pode fornecer um apoio valioso", reforça.
Bernadka Dubicka, professora de saúde mental da Universidade de Manchester que não participou do estudo, ressalta a importância da pesquisa, mas insiste que é preciso investigar mais a questão."É um estudo interessante, reflete a complexidade vista em adolescentes vulneráveis na prática clínica e, finalmente, se afasta da dicotomia inútil sobre se as mídias sociais são ou não prejudiciais", reconhece. "No entanto, o estudo não conseguiu responder às perguntas cruciais sobre por que isso pode acontecer. Notavelmente, os dados vão até 2018 e, desde então, o uso de mídias sociais se tornou cada vez mais proeminente na vida dos jovens, principalmente durante a pandemia. E as dificuldades emocionais, principalmente em adolescentes mais velhas, aumentaram significativamente. Será vital desenvolver essa pesquisa para entender tanto o papel prejudicial quanto o de apoio das mídias sociais na vida dos jovens".
Em nota, Andrew Przybylski, diretor de pesquisa do Instituto de Internet da Universidade de Oxford, disse que, para identificar quais indivíduos podem ser influenciados pelas mídias sociais, são necessárias mais pesquisas que combinem dados comportamentais objetivos com medidas biológicas e cognitivas de desenvolvimento. "Por isso, pedimos às empresas de mídia social e outras plataformas on-line que façam mais para compartilhar seus dados com cientistas independentes e, se não estiverem dispostas, que os governos mostrem que levam a sério o combate aos danos on-line introduzindo legislação para obrigar essas empresas a serem mais abertas."