Descoberta!

Fumaça de incêndios florestais destrói a camada de ozônio, diz pesquisa

Um grupo de químicos identificou que grandes incêndios causados na Austrália e na Califórnia destruíram o ozônio atmosférico do Hemisfério Sul por meses

Helena Dornelas*
postado em 17/03/2022 18:44
Incêndio florestal na Austrália 2019 -  (crédito: Reprodução)
Incêndio florestal na Austrália 2019 - (crédito: Reprodução)

Um estudo mostra que a fumaça de incêndios florestais destrói a camada de ozônio. Pesquisadores alertam que se os incêndios de grande porte se tornarem mais frequentes a radiação ultravioleta prejudicará o solo. Os resultados foram divulgados na revista científica Science.

Químicos da Universidade de Waterloo, no Canadá, descobriram que a fumaça dos grandes incêndios na Austrália em 2019 e da Califórnia em 2020 destruíram o ozônio atmosférico no Hemisfério Sul por meses. O escudo ou camada de ozônio é uma parte da camada estratosférica da atmosfera da terra que absorve os raios UV do sol.

“Os incêndios australianos injetaram partículas de fumaça ácida na estratosfera, interrompendo a química do cloro, hidrogênio e nitrogênio que regula o ozônio", explicou Peter Bernath, professor da Universidade. 

Para a pesquisa foram usados dados do satélite Atmospheric Chemistry Experiment (ACE) da Agência Espacial Canadense, que media os efeitos das partículas de fumaça na estratosfera. “O satélite ACE é uma missão com mais de 18 anos capturando dados sobre a composição atmosférica. O ACE mede uma grande coleção de moléculas e fornece imagens melhores e mais completas do que está acontecendo em nossa atmosfera” explica o professor.

“Esta é a primeira grande medição da fumaça, que mostra que ela converte esses compostos reguladores de ozônio em compostos mais reativos que destroem o ozônio", diz o professor sobre os incêndios na Austrália.

Os danos causados pelo incêndio são temporários, assim como com os buracos nas regiões polares, onde os níveis de ozônio retornaram, de acordo com a análise, para o nível pré-incêndio. Mas se a frequência de incêndios florestais aumentar significaria que a destruição da camada aconteceria mais vezes, podendo não retornar sempre para o modelo inicial.

*Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori

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