Uma nova ferramenta de triagem, desenvolvida por pesquisadores da Universidade La Trobe, na Austrália, conseguiu detectar mais rapidamente o autismo em crianças com menos de cinco anos. Com o nome de Social Attention and Communication Surveillance-Revised SACS-R ("Atenção Social e Vigilância da Comunicação-Revisada" em tradução livre), a pesquisa analisou mais de 13 mil crianças australianas e percebeu que muitas crianças que testaram positivo no teste, acabavam tendo o diagnóstico confirmado alguns anos depois.
O diagnóstico precoce do autismo é fundamental, porque garante que a criança tenha acesso à centros de apoio, serviços e terapias mais cedo. Além disso, pode ajudar no desenvolvimento aumentando a participação no ensino regular e reduzindo os apoios necessários à medida que as crianças vão crescendo.
As outras ferramentas existentes para este tipo de diagnóstico são muito limitadas, como o M-CHAT, que tem um nível de precisão de apenas seis por cento quando usado em uma população comunitária.
Já a SACS-R, é usada para identificar um conjunto de comportamentos característicos de crianças no espectro a partir dos 11 meses de idade, incluindo o uso pouco frequente ou inconsistente de: gestos (como acenar e apontar para objetos), resposta ao nome sendo chamado, contato visual, imitar ou copiar as atividades dos outros, compartilhar interesse com os outros e fingir brincar.
Nas crianças que tinham idade entre 12 e 24 meses e a triagem alertou sobre a possibilidade de estar no espectro autista, 83% foram diagnosticadas posteriormente. Já quando usado junto com uma verificação SACS-Preschool (já existente), 96% das crianças no espectro foram identificadas em seus exames de saúde aos três anos e meio.
Importância
A pesquisa foi publicada na revista científica JAMA Open e, para Josephine Barbaro, do Centro de Pesquisa de Autismo Olga Tennison da Universidade La Trobe e uma das pesquisadoras do estudo, a pesquisa aponta para a necessidade crítica de que o SACS-R e o SACS-Preschool sejam implementados como parte de exames regulares de saúde infantil. “Muitas vezes, os pais são instruídos a 'esperar para ver' quando levantam preocupações sobre o desenvolvimento de seus filhos. Isso significa que a idade média do diagnóstico é de quatro a cinco anos, e oportunidades de apoio precoce foram perdidas”, explica ela.
“Colocar essa ferramenta extremamente eficaz nas mãos de um profissional de saúde primário treinado, para que durante seus exames de saúde de rotina também sejam examinados para autismo, faz uma enorme diferença no diagnóstico precoce”, completa a pesquisadora.
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