A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) advertiu nesta quarta-feira (9/3) que a pandemia de covid-19 "continua sendo uma ameaça" no continente americano, mesmo com a redução de casos e mortes.
Na última semana, os novos casos caíram 26% e as mortes quase 19% em todo o continente americano. Contudo, dois anos depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou uma pandemia por conta do novo coronavírus, o perigo persiste.
"A pandemia continua sendo uma ameaça hoje. Apenas nos primeiros dois meses de 2022, 63% dos novos casos globais foram notificados nas Américas", disse em entrevista coletiva virtual Carissa Etienne, diretora da Opas, o escritório regional da OMS no continente americano.
Etienne lembrou que a onda recente de casos provocada pela variante ômicron deixou mais de 220 mil mortos em todo o continente, com números recordes de novos contágios em Brasil, Estados Unidos e Chile.
"Todos nós queremos o fim da pandemia, mas o otimismo por si só não serve para controlar o vírus. Ainda é muito cedo para baixar a guarda", frisou, ao pedir a manutenção das medidas de saúde pública, como uso de máscaras e distanciamento social, em lugares com alto índice de transmissão.
"A ômicron ainda existe e esta pandemia é imprevisível", alertou.
A cepa ômicron, a quinta variante de preocupação designada pela OMS desde o surgimento do SARS-CoV-2 na China no fim de 2019 (depois de alfa, beta, gama e delta), tem provocado casos menos graves, no geral, mas sua transmissibilidade é muito maior.
Etienne destacou que, entre os mais de 6 milhões de mortos que a pandemia deixou até agora no mundo, 2,6 milhões correspondem às Américas, região que notificou a maior quantidade de mortes por covid-19 que qualquer outra do planeta.
"Quase metade de todas as mortes a nível mundial ocorreram nas Américas, apesar de nossa região abrigar menos de 13% da população do planeta", assinalou.
Além disso, segundo Etienne, os efeitos da pandemia serão sentidos no longo prazo.
Entre eles, a diretora da Opas mencionou consequências que alguns sobreviventes da covid levarão para o resto de suas vidas; o impacto na saúde mental da população, com altas taxas de depressão e ansiedade, em especial entre mulheres e jovens, e interrupções nos serviços essenciais de saúde.
Etienne também destacou as desigualdades exacerbadas em uma região muito marcada pela inequidade, em particular no que diz respeito ao acesso às vacinas.
"Na América Latina e no Caribe, cerca de 248 milhões de pessoas ainda não receberam a primeira dose do imunizante. Estas lacunas se concentram em áreas rurais de difícil acesso ou áreas desassistidas", disse a diretora da Opas.
"Apenas 14 países conseguiram atingir uma cobertura de 70% de sua população com o esquema completo de vacinação", ressaltou.
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