Jornal Correio Braziliense

Células-tronco evitam sepse em teste

A sepse, uma síndrome inflamatória que ocorre quando o organismo tem uma resposta extrema a uma infecção, é responsável por cerca de 20% das mortes no mundo. Um novo estudo realizado por pesquisadores do Baylor College of Medicine, nos EUA, sugere que a infusão de células-tronco hematopoiéticas e progenitoras (HSPCs) da medula óssea poderia melhorar os resultados. A pesquisa foi feita em um modelo de camundongo, e os cientistas esperam, eventualmente, traduzir essa abordagem em novas estratégias terapêuticas para o tratamento de humanos. O artigo foi publicado na revista eLife.

"O tratamento atual da sepse inclui transfusões de granulócitos, outro tipo de célula imune, mas esse tratamento tem eficácia limitada, dependência de grandes quantidades de células e dosagem frequente. Aqui, mostramos uma abordagem alternativa que usa apenas uma fração do número de células", disse Katherine King, autora sênior do artigo. "Muito mais trabalho precisará ser feito para entender o potencial e a segurança da infusão de HSPC como um novo tratamento para a sepse", ressaltou.

Os pesquisadores descobriram que a infecção esgota significativamente as HSPCs na medula óssea e levantaram a hipótese de que a infusão de um lote saudável dessas células poderia melhorar a eliminação bacteriana, reduzir os danos nos tecidos e prolongar a sobrevivência. Eles descobriram que os camundongos que receberam a substância apresentaram uma doença mais leve e viveram mais do que os animais não tratados. Os roedores do primeiro grupo também mostraram uma diminuição significativa nas citocinas inflamatórias, especialmente as que são conhecidas como causadoras de sepse. 

"Os resultados sugerem que a infusão com HSPCs é benéfica durante Streptococcusinfecção e promove a sobrevivência por um mecanismo diferente da eliminação bacteriana", disse King. "Descobrimos que os camundongos tratados restauraram as células imunológicas responsáveis por regular as respostas imunológicas e diminuir a inflamação." Na última década, o laboratório de King trabalhou para caracterizar o impacto da infecção e inflamação na função das células-tronco hematopoiéticas da medula óssea, e esta pesquisa é a primeira a mostrar um papel direto dessas estruturas na sobrevivência à sepse.