Pandemia

Exercitar-se depois da vacina aumenta a produção de anticorpos, diz estudo

Melhora foi percebida em relação a doses de imunizantes contra a covid-19 e a influenza sem adição de efeitos colaterais

Correr, caminhar ou andar de bicicleta logo após a vacinação pode ser um hábito de grande ajuda para pôr fim à pandemia de covid-19. É que a prática de exercícios físicos aeróbicos leves a moderados por um período de 90 minutos, logo depois de receber as doses de imunizantes, aumenta a produção de anticorpos. Isso sem interferir nos efeitos colaterais, foi o que descobriu uma pesquisa da Universidade Estadual de Iowa, nos Estados Unidos.

Os cientistas estavam em busca do que a farmacologia chama de “adjuvantes” — medicamentos, comportamentos ou fatores externos que ajudem a melhorar o desempenho das substâncias — para as vacinas. Em busca de testar se os exercícios gerariam esses efeitos, eles coletaram amostras de sangue de voluntários foram imunizados contra a covid-19 por doses da Pfizer-BioNTech e contra a gripe por dois tipos de imunizantes, monovalente para H1N1 e sazonal.

Divididos aleatoriamente em dois grupos, os participantes foram orientados a se exercitarem em atividade aeróbica leve a moderada por 90 minutos, meia hora depois de serem vacinados ou ficarem sentados, vendo vídeos, pelo mesmo período de tempo. Foi a primeira vez que uma pesquisa focou especificamente no impacto do exercício físico logo após a vacinação, e não no estilo de vida que as pessoas tinham antes de receber cada dose.

E a resposta foi animadora. Semanas depois de receberem a imunização, os participantes do grupo que se exercitou apresentaram um aumento significativo na produção de anticorpos. Para os pesquisadores, o resultado pode ter impacto imediato na saúde pública uma vez que os exercícios físicos são simples e não necessitam de equipamentos especiais, sendo viáveis para pessoas em diferentes faixas de renda.

Outro ponto positivo é que voluntários com vários níveis de condicionamento físico foram capazes de cumprir a tarefa. Tudo porque o que determinou o sucesso da atividade enquanto incremento para a vacina foi a constância e duração do exercício e não o nível de dificuldade. Os cientistas testaram um prazo de 45 minutos, mas os resultados não foram satisfatórios.

Limitações

Apesar da contribuição positiva, o próprio artigo aponta limitações do estudo que precisarão ser cobertas por pesquisas posteriores. Uma delas é o baixo número de participantes, cada grupo teve, em média, 20 voluntários. Mas a credibilidade das conclusões é sustentada pela reprodutibilidade dos resultados em três experimentos de vacinas humanas diferentes com formulações variadas.

Os cientistas também apontam que ainda é preciso demonstrar o mecanismo de ação da prática de exercício físico em benefício do sistema imunológico. Há outras pesquisas que indicam ligação com um tipo específico de anticorpo, enquanto artigos apontam para um ganho secundário devido ao estimulo momentâneo da circulação sanguínea.

Investigações posteriores também poderão verificar o impacto de exercícios praticados a longo prazo depois da imunização. Seja qual for a resposta, o dado pode ajudar a orientar pacientes em todo o mundo para que tenham as defesas ativadas da melhor maneira possível e contribuir para a redução do impacto da covid-19 na saúde da população em geral.

O artigo completo O exercício após a vacinação contra influenza ou COVID-19 aumenta os anticorpos séricos sem aumentar os efeitos colaterais pode ser lido, em inglês, na página do periódico científico Brain, Behavior, and Immunity.

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