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Ressaca: existe remédio ou cura? Entenda o que funciona

"A ressaca surge quando o nível de álcool no corpo já caiu muito. Se você bebeu cinco taças de vinho, por exemplo, seu organismo levará em torno de seis horas para metabolizar"

Dores de cabeça intensas, enjoo, diarreia e cansaço - quem já exagerou no consumo de bebida alcoólica conhece provavelmente os sintomas da ressaca.

Para tentar evitar as consequências desagradáveis, muitos apostam em medicamentos com o suposto poder de curar a ressaca, mas a atuação desses fármacos é limitada a amenizar alguns sintomas - muitas vezes não sendo capaz de diminuir a intensidade do mal-estar e nunca protegendo o organismo contra os riscos à saúde.

Drogas antieméticas, que atuam contra o enjoo, e analgésicas, que diminuem a dor, estão entre as opções.

"Mas os problemas mais sérios causados pelo consumo excessivo de álcool, entre eles a sobrecarga do fígado para tentar excretar a substância, a hipoglicemia e a desidratação, não são resolvidos por essas medicações", aponta Gisele Figueiredo Ramos, médica clínica e nutróloga do Vera Cruz Hospital, em São Paulo.

O Engov, remédio mais popular entre as pessoas que querem evitar ressaca, é composto por ácido acetilsalicílico (anti-inflamatório), cafeína, hidróxido de alumínio (age contra a azia) e maleato de mepiramina (antialérgico). As informações disponibilizadas no site oficial do medicamento afirmam que, pela presença dessas substâncias, a pílula serve para tratar dores de cabeça e alergias. Por conter uma pequena dose de cafeína, ela também atua como estimulante suave do SNC (Sistema Nervoso Central) que, associado a analgésicos, auxilia no alívio da dor.

O site também aponta que, para cefaleias leves a moderadas, o efeito esperado ocorre uma hora após a ingestão - ou seja, tomar o remédio antes de beber, para evitar dores futuras, não faria sentido.

"A ressaca surge quando o nível de álcool no corpo já caiu muito. Se você bebeu cinco taças de vinho, por exemplo, seu organismo levará em torno de seis horas para metabolizar. Se a ressaca aparecer, será horas depois de você ter começado a beber", explica Ramos.

Já a versão "Engov After", recomendada especificamente para ser tomada após o alto consumo de álcool, é uma bebida que contém glicose, sais minerais, e cafeína, contribuindo para a melhora da desidratação e hipoglicemia. No entanto, os mesmos efeitos de recuperação podem ser obtidos com alimentação saudável, segundo especialistas.

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Muita gente recorre a medicamentos para tratar sintomas causados pelo excesso de bebida alcóolica, mas seu efeito é limitado

Por que temos ressaca?

A desidratação ocorre por que o álcool inibe um hormônio que faria o rim reabsorver a água - e é por isso que a vontade de urinar também costuma aumentar durante ou após o consumo de drinques.

"A falta de líquido acaba causando dor de cabeça e cansaço. Outro efeito que também contribui é causado pelo acúmulo de algumas toxinas presentes na bebida que o fígado não dá conta de destruir, e elas acabam circulando no sangue", indica Larissa Hermann, coordenadora clínica do Hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba.

Existe uma quantidade de álcool segura para consumo?

A existência de uma quantidade segura de álcool é um debate constante dentro da comunidade médica. "Não existe consenso por que essa dose vai variar de acordo com o paciente. Os especialistas nunca estimulam o consumo porque apesar de existirem algumas evidências de benefício do vinho para saúde cardiovascular, não é possível saber como todos os pacientes responderão, ou se têm, por exemplo, uma tendência a desenvolver alcoolismo", afirma Hermann.

Para aqueles que já têm problema no fígado, independente se a causa é ligada ao consumo de álcool, hepatite ou outros problemas de saúde graves, as bebidas devem ser estritamente proibidas.

Como evitar ressaca?

O melhor caminho é beber moderadamente, sem exageros. Entre outras ações que podem ajudar a amenizar os sintomas da ressaca, estão, segundo especialistas:

Intercale a bebida alcoólica com água

Para evitar a desidratação descrita acima, as médicas recomendam uma medida simples: ingerir um copo de água para cada dose de bebida alcoólica. Se estiver ao seu alcance, sucos de frutas, que contêm glicose, também são boas opções.

Alimente-se bem antes e depois de beber

Se a bebida alcoólica é ingerida em jejum, ela chega à circulação sanguínea de forma rápida demais. Assim, antes que a primeira dose seja metabolizada adequadamente pelo fígado, a próxima já chega ao mesmo local, causando uma sobrecarga. Se há alimentos no intestino, esse processo se torna um pouco mais lento. Justamente por conta dessa sobrecarga, o ideal é que a alimentação do dia seguinte seja leve, sem alimentos gordurosos e opções ultraprocessadas. O consumo de vários medicamentos para os sintomas também tende a prejudicar o funcionamento do órgão já fragilizado.

Descanse o corpo

"As bebidas alcoólicas prejudicam, momentaneamente, os reflexos e as habilidades cognitivas, além de inflamar o organismo como um todo. Dormir bem e não praticar atividades extenuantes são medidas que ajudam na recuperação", diz a médica do Vera Cruz Hospital.

Há bebidas que causam mais ou menos ressaca?

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Quantidade de álcool na bebida é mais importante do que o tipo

O que importa nesse caso não é exatamente o tipo de bebida consumida, mas a quantidade de álcool presente nela. "Vinhos e cervejas, por exemplo, giram em torno de 8 a 13% de teor alcoólico.

Já em bebidas destiladas, como gin, vodca e uísque, o teor aumenta chegando até a 40%, e consequentemente, aumentando a chance de ressaca se forem consumidas em grandes quantidades", diz Hermann.

Metadoxil ajuda a metabolizar álcool, mas só deve ser usado em quadros específicos

Comercializado no Brasil desde 2008, o metadoxil, um medicamento derivado da vitamina B6, foi criado para ajudar pessoas em tratamento contra o alcoolismo crônico ou agudo. Ele atua no tratamento de algumas das consequências trazidas pelo quadro, como o fígado gorduroso e hepatite alcoólica, contribuindo para um metabolismo mais rápido do álcool no organismo.

"O intuito é tratamento de doenças, não para um eventual excesso de bebida. O medicamento possui tarja vermelha e, portanto, deveria ser vendido apenas sob prescrição médica. A automedicação pode trazer riscos", alerta Ramos.


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