Um grupo de astrofísicos conseguiu descobrir qual era a temperatura do Universo quando ele tinha apenas 880 milhões de anos. Esta é a primeira vez que é feita uma medição em uma época tão precoce do Universo. A descoberta foi publica na revista Nature (e você pode conferir neste link) nesta quarta-feira (2/2) e mostra que naquela época o Universo era sete vezes mais quente do que é hoje.
A estimativa é que hoje o Universo tenha 13,82 bilhões de anos. As teorias mais aceitas acreditam que desde a explosão Big Bang, o Universo vem diminuindo sua temperatura.
De acordo com cientistas, a descoberta não apenas estabelece um marco muito inicial no desenvolvimento da temperatura cósmica, mas também pode ter implicações para a enigmática energia escura. Acredita-se que essa energia seja responsável pela expansão acelerada do Universo nos últimos bilhões de anos, mas suas propriedades permanecem pouco compreendidas porque não podem ser observadas diretamente com as instalações e instrumentos atualmente disponíveis. No entanto, suas propriedades influenciam a evolução da expansão cósmica e, portanto, a taxa de resfriamento do Universo ao longo do tempo cósmico.
Para conseguir o feito, os pesquisadores usaram o observatório Noema nos Alpes Franceses, o radiotelescópio mais poderoso do Hemisfério Norte. Pelo observatório, eles companharam uma enorme galáxia a uma distância correspondente a uma idade de apenas 880 milhões de anos após o Big Bang, chamada HFLS3.
Foi então que eles descobriram uma tela de gás de água fria que lança uma sombra na radiação cósmica. De acordo com a pesquisa, a sombra aparece porque a água mais fria absorve a radiação de microondas mais quente em seu caminho em direção à Terra, e sua escuridão revela a diferença de temperatura. Como a temperatura da água pode ser determinada a partir de outras propriedades observadas da explosão estelar, a diferença indica a temperatura da radiação "relíquia" do Big Bang, que naquela época era cerca de sete vezes maior do que no Universo hoje.