Pandemia

Cisa questiona estudo que diz que bebida alcoólica previne covid-19

Em pronunciamento sobre pesquisa chinesa que relacionou álcool e covid, o CISA ressalta ainda os perigos de beber em excesso

No dia 26 de janeiro de 2022, um estudo chinês foi divulgado fazendo relação entre bebidas alcoólicas e covid-19. Um dos pontos mencionados era que muitas pessoas que bebiam vinho com frequência provaram ter menos menos chances de contrair a doença. Já a cerveja, segundo o estudo, se mostrou mais capaz de ajudar a contrair o vírus.

Mas, o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool — que é uma das principais referências no Brasil sobre este tema — discorda da relação entre bebidas alcoólicas e a infecção com a covid-19.

De acordo com uma nota divulgada à imprensa, o Cisa evidencia pontos contra os dados apresentados. “O consumo abusivo de álcool pode enfraquecer o sistema imunológico, afetando as células de defesa e tornando o corpo um alvo mais fácil para doenças”, diz um dos trechos. “Fatores de risco de infecção por covid-19, como nível de isolamento e condições de saúde, e a vacinação não foram considerados no estudo”.

Outro ressalve feito foi que existem outras variáveis que não foram levadas em conta no estudo. “Portanto, são necessários mais estudos para que os supostos efeitos protetores do vinho para a covid-19 sejam confirmados”.

Além disso, o Cisa demonstrou preocupação com o incentivo que poderia ser dado a população a beber mais para ficar mais protegido contra a covid-19. Sobre o assunto eles alertaram: “Começar a beber ou consumir em excesso seja qual for o tipo de bebida alcoólica não é uma forma segura para a prevenção da covid-19. A vacinação e a adoção das medidas sanitárias (uso de máscara, higienização constante das mãos e distanciamento) são as melhores estratégias para diminuir o risco de contrair a doença”.

Leia o pronunciamento na íntegra:

Diante da repercussão do estudo chinês Risk Appears to Vary Across Different Alcoholic Beverages* publicado na revista Frontiers of Nutrition, o CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool, referência nacional no tema, considera relevante esclarecer que:

1. A Organização Mundial da Saúde preconiza que o consumo de qualquer tipo de bebida não protege contra a covid-19 ou impede a infecção provocada pelo coronavírus.

2. O vinho tinto só desempenhou efeito protetor para a covid-19 quando os indivíduos consumiram a bebida acima ou o dobro das diretrizes recomendadas do Reino Unido (menor que 14 unidades por semana, sendo que uma taça de vinho corresponde a duas unidades) e os autores atribuem a proteção às propriedades antioxidantes dos polifenóis.

3. Evidências científicas robustas indicam que o consumo excessivo de álcool - acima dos limites conhecidos como moderado ou de baixo risco – está relacionado a diversas doenças e lesões. Além disso, de acordo com diversos estudos, o consumo abusivo de álcool pode enfraquecer o sistema imunológico, afetando as células de defesa e tornando o corpo um alvo mais fácil para doenças

4. Fatores de risco de infecção por covid-19, como nível de isolamento e condições de saúde, e a vacinação não foram considerados no estudo. Também há outras variáveis complexas e difíceis de serem controladas, como status socioeconômico. Portanto, são necessários mais estudos para que os supostos efeitos protetores do vinho para a covid-19 sejam confirmados.

O CISA também manifesta preocupação sobre a forma como a população recebeu os resultados do estudo e reforça o alerta de que começar a beber ou consumir em excesso seja qual for o tipo de bebida alcoólica não é uma forma segura para a prevenção da covid-19. A vacinação e a adoção das medidas sanitárias (uso de máscara, higienização constante das mãos e distanciamento) são as melhores estratégias para diminuir o risco de contrair a doença.

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