Quantas espécies de árvores existem no planeta? Essa pergunta acaba de ser respondida por um grupo de cientistas internacionais. Ao longo de três anos, eles analisaram dados relacionados ao meio ambiente usando ferramentas de estatística avançada e chegaram a 73.300 tipos, um valor 14% maior do que o conhecido atualmente. O trabalho mostra ainda que há 9 mil espécies de árvores a serem descobertas, sendo que grande parte delas está na América do Sul, em territórios como a Amazônia. Detalhes da pesquisa foram publicados na última edição da revista especializada Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).
Composto por quase 150 pesquisadores, o grupo usou informações de aproximadamente 64 mil espécies já conhecidas, presentes em um banco extenso de dados de aproximadamente 40 milhões de árvores. "Contar o número de espécies de árvores em todo o mundo é como um quebra-cabeça com peças espalhadas por todo o globo. Nós resolvemos isso com um trabalho em equipe", conta Jingjing Liang, pesquisador da Universidade de Purdue, nos Estados Unidos, e um dos autores do trabalho.
Entre as cerca de 9 mil espécies a serem descobertas, 40% (3.600, aproximadamente) estão na América do Sul, mais especificamente nos dois biomas compostos por "savanas e matagais" e "florestas tropicais e subtropicais" da Amazônia e do Andes. Dessas, em torno de 3 mil são raras, com populações muito baixas e distribuição espacial limitada. Essa condição, alertam os autores, as torna vulneráveis a perturbações causadas pelo homem, como o desmatamento e as mudanças climáticas.
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Conservação
Também autor do estudo, Andy Marshall enfatiza que os resultados devem sustentar políticas de preservação ambiental. "Quanto mais informação tivermos, mais poderemos aprimorar os planos nacionais e internacionais de conservação e melhor definir as metas de gestão da biodiversidade — principalmente salvando espécies de árvores ameaçadas", afirma o pesquisador do Instituto de Pesquisa Florestal da Universidade de Sunshine Coast, na Austrália.
Segundo Roberto Cazzolla Gatti, primeiro autor do estudo e professor do Departamento de Ciências Biológicas, Geológicas e Ambientais da Universidade de Bolonha, na Itália, o trabalho ajuda na formulação de medidas protetivas mais eficazes porque traz informações mais completas sobre a biodiversidade terrestre. "Até hoje, nossos dados eram baseados apenas em observação de campo e listas de espécies que cobrem diferentes áreas. Essas limitações foram prejudiciais para uma perspectiva global sobre o assunto", justifica. "Um amplo conhecimento da riqueza e da diversidade das árvores é fundamental para preservar a estabilidade e a funcionalidade dos ecossistemas."