Pela primeira vez na história, astrônomos da University College London (UCL) conseguiram observar um anel de detritos planetários com estruturas do tamanho da lua próximos a uma estrela anã branca, localizada na Via Láctea a 117 anos-luz de distância do Sol, o que pode sugerir a existência de um planeta com condições de vida próximas ao local, o que é chamado de "zona habitável".
O termo "zona habitável" serve para definir a região de um sistema estelar em que condições como presença de água e temperaturas adequadas, permitem a existência — em teoria — de vida.
"A possibilidade de um planeta na zona habitável é emocionante e também inesperada; não estávamos procurando por isso. No entanto, é importante ter em mente que mais evidências são necessárias para confirmar a presença de um planeta. Não podemos observar o planeta diretamente, então a confirmação pode vir comparando modelos de computador com observações adicionais da estrela e detritos em órbita”, explica Jay Farihi, um dos autores do estudo.
As estrelas anãs brancas são brasas brilhantes de estrelas que queimaram todo o combustível de hidrogênio. Cerca de 95% de todas as estrelas vão se tornar anãs brancas eventualmente, até mesmo o Sol.
Quando as estrelas começam a ficar sem hidrogênio, elas se expandem e esfriam, tornando-se gigantes vermelhas. O Sol entrará nessa fase em 4 a 5 bilhões de anos, engolindo Mercúrio, Vênus e possivelmente a Terra, porque o material externo foi suavemente soprado e o hidrogênio se esgotou. Assim, o núcleo quente da estrela permanece, esfriando lentamente ao longo de bilhões de anos
Os pesquisadores acreditam que a órbita em torno da estrela anã branca tenha sido varrida durante a fase de estrela gigante de sua vida e, portanto, qualquer planeta que possa potencialmente hospedar água e, por consequência, vida, seria um desenvolvimento recente.
Estudo desafiante
Os planetas que orbitam estrelas anãs brancas são um desafio para os astrônomos detectarem porque são muito mais fracas do que as estrelas da sequência principal, como o Sol. Até agora, os astrônomos só encontraram evidências provisórias de um planeta gigante gasoso, como Júpiter, orbitando este tipo de estrela.
No estudo — publicado no jornal científico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society (que você pode ler neste link) — foi observado o WD1054-226, uma estrela anã branca a 117 anos-luz de distância do Sol. A partir disso, os pesquisadores descobriram que a luz de WD1054-226 sempre foi um pouco obscurecida por enormes nuvens de material em órbita passando à sua frente, sugerindo que existe um anel de detritos planetários orbitando a estrela.
Assim, os astrônomos do estudo ressaltam que essas estruturas observadas orbitam uma área que teria sido envolta pela estrela enquanto estava na fase chamada de gigante vermelha, portanto, acredita-se que esses detritos se formaram ou chegaram há relativamente pouco tempo.
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