Risco genético

Crises de enxaqueca estão relacionadas aos sistemas nervoso e vascular

Pesquisadores mapearam os genes ligados a dois tipos de enxaqueca mais recorrentes: com e sem aura e encontraram correlações do transtorno com doenças cardiovasculares e problemas da pressão arterial

Jéssica Gotlib
postado em 03/02/2022 17:28
Pesquisa abre caminho para novas abordagens terapêuticas do problema, fornecendo indícios genéticos para tratamentos futuros -  (crédito: Gerd Altmann/Pixabay )
Pesquisa abre caminho para novas abordagens terapêuticas do problema, fornecendo indícios genéticos para tratamentos futuros - (crédito: Gerd Altmann/Pixabay )

Quais são as causas e como encontrar uma possível cura para as crises de enxaqueca são dois dos maiores desafios da ciência atualmente. É por isso que pesquisadores de um consórcio internacional liderado pela Universidade de Helsinque comandaram um estudo do genoma de pessoas com os dois tipos de enxaqueca mais comum: sem aura e com aura.

Eles analisaram um banco de dados com informações de 873 mil pessoas da Europa e Ásia, sendo que 102 mil tinham um dos tipos da dor de cabeça crônica. Entre as conclusões principais, está um achado sobre a natureza desta condição clínica. Os cientistas encontraram genes que validam as teses anteriores de que a enxaqueca está relacionada a problemas no sistema nervoso e no vascular.

Foram 123 regiões genéticas identificadas, sendo que duas delas são alvo de medicamentos recentemente desenvolvidos. Essa é uma boa notícia tanto para os laboratórios quanto para os pacientes que fazem uso das novas drogas, já que indica uma boa chance de eficácia destes remédios.

“Além de implicar dezenas de novas regiões do genoma para uma investigação mais direcionada, nosso estudo oferece a primeira oportunidade significativa para avaliar componentes genéticos compartilhados e distintos nos dois principais subtipos de enxaqueca”, explica a primeira autora do estudo, Heidi Hautakangas, da Instituto de Medicina Molecular Finlândia, Universidade de Helsinque.

Assim, a pesquisa abre caminho para novas abordagens terapêuticas do problema, fornecendo indícios genéticos de fenótipos relacionados aos dois principais subgrupos de cefaleia. Agora, outras equipes de cientistas podem usar os dados estatísticos para embasar estudos clínicos (com observação dos pacientes) ou híbridos e observar fatores que sabidamente estão correlacionados com as crises de enxaqueca, como doença cardiovascular e pressão arterial alterada.

Para ler o artigo A análise de todo o genoma de 102.084 casos de enxaqueca identifica 123 loci de risco e alelos de risco específicos do subtipo na íntegra, em inglês, basta acessar o site da revista especializada Nature Genetics.

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