Um bafômetro portátil criado por pesquisadores da Sociedade Americana de Química promete ser um grande aliado para que o mundo abrevie o fim da pandemia. Isso porque, entre especialistas, o consenso é de que a triagem rápida e em massa de pessoas, que identifica e isola os infectados e assim diminui a circulação do vírus, é um dos caminhos mais assertivos para enfraquecer o estado de emergência sanitária que o mundo vive há mais de dois anos.
Para atingir esse objetivo, o grupo de pesquisadores empregaram esforços para desenvolver um protótipo de bafômetro que pode diagnosticar, com sensibilidade e precisão, a covid-19 — mesmo em assintomáticos — em apenas cinco minutos. Os resultados foram publicados nesta quarta-feira (2/2) na revista científica ACS Nano, pertencente à Sociedade Americana de Química.
A tecnologia desenvolvida pelo grupo promete oferecer a segurança de um teste “padrão ouro” de detecção, que hoje é reconhecido apenas na técnica denominada reação em cadeia da polimerase de transcrição reversa (RT-PCR), que, apesar da precisão, é lenta e requer um procedimento invasivo e desconfortável, onde uma espécie de cotonete é usado para coletar material entre o nariz e a faringe.
O desafio dos cientistas era, além de obter uma taxa de precisão confiável, também criar uma maneira de recolher a amostra que fosse conveniente e adequada para locais públicos. Para isso, eles projetaram um bafômetro portátil, equipado com um chip composto por três sensores de espectro Raman — uma técnica que proporciona em poucos segundos informação química e estrutural que quase qualquer material — ligados a nanocubos de prata.
Ao fazer o teste, a pessoa sopra durante 10 segundos no dispositivo e os compostos presentes na respiração dela interagem com os sensores. Em seguida, os pesquisadores submetem o bafômetro ao espectrômetro Raman, que também é portátil, e, em cinco minutos, observa os compostos presentes na pessoa, com base em uma mudança nas vibrações moleculares dos sensores.
Os cientistas descobriram que os resultados dos espectros de pessoas positivas e negativas para a covid-19 eram diferentes, principalmente em regiões relacionadas aos elementos cetonas, álcools e aldeidos. Assim, o bafômetro pode apontar quem estava com a doença ou está negativado
O aparelho foi testado em 501 pessoas em hospitais e aeroportos de Cingapura. Para a comparação, os participantes foram submetidos, também, ao teste RT-PCR. O resultado foi de uma surpreendente eficácia e confiabilidade: o método teve uma taxa de 3,8% de falso negativo e apenas 0,1% de falso-positivo, que se assemelha bastante ao teste padrão ouro, mas que apresenta o resultado em menos de cinco minutos.
“O bafômetro pode, um dia, ser uma nova ferramenta para reduzir a propagação silenciosa do COVID-19 nas comunidades”, afirma Xing Yi Ling, um dos autores do projeto.
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