Uma única gota de secreção nasal é o suficiente para o novo coronavírus infectar uma pessoa, mostra um estudo britânico. Na pesquisa, os cientistas avaliaram voluntários saudáveis que foram expostos intencionalmente ao patógeno causador da covid-19 em laboratório. Os especialistas também constataram que os sintomas da enfermidade surgiram dois dias após o contágio. Os dados do trabalho, ainda não avaliados por pares, foram apresentados no site da revista Springer Nature.
Participaram do teste 36 jovens saudáveis e que não haviam sido vacinados contra a covid-19. Todo o grupo foi avaliado em uma unidade especializada e isolada de um hospital em Londres, monitorada por especialistas. A análise revelou ainda que os primeiros sinais da infecção surgiram na garganta, em até 48 horas, e o Sars-CoV-2 atingiu o pico cerca de cinco dias após o contágio, momento em que o nariz tinha uma carga viral muito maior do que a garganta.
Nessa fase, os testes nasais se tornam a melhor opção para detectar a doença. "Descobrimos que, em geral, os testes que se concentram nas narinas se correlacionam muito bem com a presença de vírus infeccioso", disse, em entrevista ao jornal The Guardian, Christopher Chiu, principal autor do estudo e pesquisador do Imperial College London. "Mesmo que, no primeiro ou no segundo dia, eles possam ser menos sensíveis, se você usá-los corretamente e repetidamente, terá o resultado positivo", acrescentou.
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Sintomas
Metade dos participantes foi infectada, ninguém com complicações graves, e todos tinham cargas virais semelhantes, independentemente da ocorrência ou não de sintomas. Segundo Wendy Barclay, chefe do Departamento de Doenças Infecciosas do Imperial College London, isso reforça o peso da transmissão assintomática na disseminação da doença. "Muitas pessoas podem estar andando por aí espalhando vírus e não percebendo", disse a também autora do estudo ao jornal britânico.
Alguns dos voluntários que não atingiram a quantidade limite de vírus para serem considerados infectados também apresentaram níveis muito baixos de patógenos detectáveis em amostras nasais e da garganta, sugerindo que eles podem ter sofrido uma infecção de curta duração eliminada por uma atividade imunológica ativa no nariz, considerado a porta de entrada do vírus. Os testes foram conduzidos usando a cepa de origem do Sars-CoV-2. Segundo os autores, isso abre as portas para investigações que incluam as cepas atuais.
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