ESTUDO NORTE-AMERICANO

A qualidade do ar em casa pode ser pior do que em ambientes de trabalho

Com o aumento do trabalho remoto na pandemia, pesquisadores analisaram em qual local a qualidade do ar é mais saudável para os trabalhadores

Camilla Germano
postado em 02/02/2022 16:01 / atualizado em 02/02/2022 16:01
O resultado da pesquisa pode surpreender -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
O resultado da pesquisa pode surpreender - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

A exposição prolongada a poluentes do ar em locais fechados está associada a uma ampla gama de problemas de saúde, desde dores de cabeça e olhos secos — até doenças cardiovasculares e câncer de pulmão. Esses dados levaram a uma mudança em prédios de escritórios para melhorar a qualidade do ar em locais de trabalho. No entanto, com a pandemia de covid-19, muitos passaram a trabalhar remotamente, assim, a qualidade do ar nas casas dos funcionários também se tornou um problema de saúde do local de trabalho. Ou seja, a qualidade do ar, onde quer que o funcionário trabalhe — seja de casa ou nos escritórios — continua sendo importante.

Pensando nisso, um estudo preliminar da Texas A&M University, nos Estados Unidos, que foi publicado no jornal científico Atmosphere (e que você pode ler neste link), buscou analisar a qualidade do ar no interior de um edifício de escritórios no Texas entre maio e julho de 2019 e depois nas respectivas residências dos funcionários entre junho e setembro de 2020.

A poluição do ar em ambientes fechados está frequentemente ligada à materiais de construção e às atividades das pessoas que vivem e trabalham nesses edifícios. Esses poluentes incluem compostos orgânicos voláteis (COVs) de carpetes e móveis, tintas e outros produtos químicos, bem como partículas finas (PM2,5) e mofo.

Os pesquisadores usaram um monitor de qualidade do ar padrão para coletar dados sobre temperatura do ar, umidade relativa e concentrações de material particulado e COVs. Ao mesmo tempo, eles coletaram dados sobre a temperatura do ar externo e a concentração de material particulado da Comissão de Qualidade Ambiental do Texas.

Os funcionários que participaram do estudo, responderam também um questionário no qual classificaram a prevalência de sintomas como coceira nos olhos; olhos secos ou lacrimejantes; nariz entupido; e pele seca ou irritada em uma escala que varia de não apresentar sintomas a tê-los todos os dias.

Todos os participantes residiam em residências unifamiliares (com apenas uma pessoa) e que tinham ar condicionado central. Nenhuma das pessoas do estudo fumava ou trabalhava com materiais perigosos.

Com esses dados, o estudo observou que as concentrações de partículas finas eram significativamente maiores nas casas dos participantes do que em seus escritórios, e os níveis nas casas eram maiores do que o padrão para um ambiente de trabalho saudável.

Outro dado identificado foi que as concentrações de COVs eram maiores em residências em comparação com escritórios. No entanto, as concentrações de COVs em ambos os locais estavam bem abaixo do limite estabelecido pelos padrões de saúde.

A maioria dos funcionários do estudo relatou também maior frequência de sintomas enquanto trabalhava em casa.

A partir desses resultados, os pesquisadores concordam que é importante manter a qualidade do ar interno para as pessoas que trabalham em casa. A solução é considerada simples, basta abrir janelas quando a qualidade do ar externo permitir (caso não haja chuva, ou rajadas de ventos fortes, ou no caso dos Estados Unidos, neve) ou fornecer purificadores de ar para quem trabalha remotamente.

Os pesquisadores acreditam que tomar medidas para melhorar a qualidade do ar interno em edifícios de escritórios convencionais e em escritórios domésticos provavelmente se tornará uma área de estudo crescente para pesquisadores e empregadores de saúde pública que buscam garantir saúde, segurança e produtividade.

 

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