Um dos maiores temores da pandemia é a possibilidade de as mutações sofridas pela ômicron interferirem na forma como o corpo humano reage à infecção. Um estudo publicado na última edição da revista Nature mostra que, mesmo com as mudanças estruturais sofridas pelo Sars-CoV-2, a maioria das respostas das células T induzidas por vacinação ou infecção é mantida.
A esquipe investigou a proteína spike do Sars-CoV-2, a estrutura usada pelo vírus para infectar células. No artigo, relatam que a spike da ômicron tem mais de 30 mutações, e que estudos anteriores mostraram que essa variante tem a capacidade de driblar uma grande quantidade de respostas de anticorpos neutralizantes do corpo, outra estrutura do sistema de defesa. "Apesar desses dados preocupantes, não tínhamos análises com outros componentes que também fazem parte da resposta imune, como as células T", afirmam os autores liderados por Catherine Riou, pesquisadora da Universidade de Cape Town, na África do Sul.
Na tentativa de entender essa reação, o grupo selecionou 70 indivíduos que haviam sido vacinados ou infectados com variantes mais antigas do Sars-CoV-2 para determinar a capacidade deles em reconhecer uma nova ameaça: a proteína spike da ômicron. Dos participantes, 15 não haviam sido vacinados e se recuperavam de uma infecção pelo coronavírus, 40 tinham recebido uma ou duas doses da Johnson & Johnson, e 15, duas doses de Pfizer.
Os cientistas colheram amostras de sangue dos voluntários e analisaram a ação das células T. Descobriram que, em todos os participantes, de 70% a 80% das respostas de duas células T (CD4 e CD8 ) foram mantidas contra a ômicron. Também observaram que 19 pacientes que haviam sido hospitalizados em decorrência da infecção pela ômicron tinham respostas de células T comparáveis às observadas em indivíduos internados em ondas anteriores da pandemia, quando eram dominantes a variante original do vírus, a beta e a delta.
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