Pesquisa

Vacinas estimulam o corpo a produzir resposta duradoura contra a covid-19

Pesquisa norte-americana indica que imunizantes estimulam a produção das células T que patrulham o corpo e destroem as células infectadas

Uma nova pesquisa do Instituto La Jolla de Imunologia, dos Estados Unidos, publicada no último domingo (23/1), indica que quatro das vacinas criadas para combater o coronavírus (SARS-CoV-2), estimulam o corpo a produzir células T eficazes e duradouras contra a doença. Os pesquisadores indicam também que essas células podem reconhecer variantes como a delta e ômicron.

A pesquisa foi publicada na revista científica Cell e menciona as vacinas da Pfizer-BioNTech, da Moderna, a J&J/Janssen e a Novavax.

Os dados foram analisados a partir de adultos vacinados contra a doença, mas que ainda não haviam recebido doses de reforço da vacina.

"A maioria dos anticorpos neutralizantes, ou seja, os anticorpos que funcionam bem contra a covid, se liga a uma região chamada domínio de ligação ao receptor ou RBD", explicou Camila Coelho, uma das autoras da pesquisa. "Nosso estudo revelou que as 15 mutações presentes na variante ômicron RBD podem reduzir consideravelmente a capacidade de ligação das células B de memória, em comparação com outras variantes do SARS-CoV-2, como Alpha, Beta e Delta", disse.

Segundo os pesquisadores, a boa notícia é que os anticorpos neutralizantes e células B de memória são apenas dois caminhos da resposta imune adaptativa do corpo. As células T não previnem a infecção com a doença, mas patrulham o corpo e destroem as células que já estão infectadas, o que impede que um vírus se multiplique e cause doenças graves.

Os pesquisadores acreditam que essa "segunda linha de defesa" das células T é um dos motivos que podem explicar o porquê da infecção com a variante ômicron ser menos propensa a levar a doenças graves em pessoas já vacinadas.

Caminhos para o resultado

Para saber se as células T produzidas pela vacina eram realmente eficazes contra variantes delta e ômicron, os cientistas observaram de perto como as células T responderam a diferentes "epítopos" virais. Cada vírus é feito de proteínas que formam uma certa forma ou arquitetura. Um epítopo viral é um marco específico nessa arquitetura que as células T foram treinadas para reconhecer.

As atuais vacinas covid-19 foram projetadas para ensinar o sistema imunológico a reconhecer epítopos específicos na variante Alfa — que era a primeira versão da SARS-CoV-2. Conforme o vírus foi sofrendo mutações, sua arquitetura mudou e a preocupação era que as células imunes não reconhecessem mais seus alvos.

A partir disso, o estudo mostra que embora a arquitetura da variante ômicron seja diferente o suficiente para evitar alguns anticorpos neutralizantes e células B de memória, as células T de memória ainda fazem um bom trabalho ao reconhecer seus alvos, mesmo sendo a variante ômicron recheada de mutações.

No entanto, os pesquisadores deixam o alerta: Não se pode contar apenas com a proteção das células T. Apesar de mostrar as respostas possíveis, a reação de cada indivíduo ainda pode variar. "Peço às pessoas que ainda sejam cautelosas e continuem usando máscaras", ressaltou Alison Tarke, uma das autoras do estudo.