Ciência

Cientistas encontram vida dentro de lago em vulcão da Costa Rica

Por meio do sequenciamento de DNA dos organismos nas amostras do lago a equipe percebeu que as bactérias tinham uma ampla variedade de capacidades bioquímica

Correio Braziliense
postado em 29/01/2022 06:00 / atualizado em 29/01/2022 07:09
 (crédito:  Justin Wang/Divulgação)
(crédito: Justin Wang/Divulgação)

O lago da cratera hidrotermal do vulcão Poás, na Costa Rica, é um dos habitats mais hostis do planeta. A água é ultra-ácida, cheia de metais tóxicos, e as temperaturas variam de confortável a fervente. Além disso, erupções freáticas recorrentes causam explosões repentinas de vapor, cinzas e rochas. Apesar disso, os ambientes hidrotermais podem ser onde as primeiras formas de vida começaram na Terra — e potencialmente também em Marte. Além de descobrir como a vida pode sobreviver a essas condições adversas, estudar esses micróbios fornece pistas sobre se, e como, a vida pode ter existido no Planeta Vermelho. Foi o que fizeram, agora, pesquisadores da Universidade de Colorado, câmpus de Boulder, nos EUA.

"Uma de nossas principais descobertas é que, dentro desse lago vulcânico extremo, detectamos apenas alguns tipos de micro-organismos, mas uma infinidade de maneiras potenciais para eles sobreviverem. Acreditamos que eles fazem isso sobrevivendo nas margens do lago quando as erupções estão ocorrendo", diz o primeiro autor, Justin Wang, estudante de pós-graduação. O resultado foi publicado na revista Frontiers in Astronomy and Space Science.

O trabalho atual dá continuidade a pesquisas conduzidas em 2013. Naquela época, os cientistas descobriram que havia apenas uma espécie microbiana proveniente do gênero Acidiphilium no lago vulcânico Poás. Sem surpresa, esse tipo de bactéria é comumente encontrado em drenagens de minas ácidas e sistemas hidrotermais e conhecido por ter vários genes adaptados a diversos ambientes. Nos anos seguintes, houve uma série de erupções, e a equipe voltou, em 2017, para verificar se havia mudanças na diversidade microbiana, além de estudar os processos bioquímicos dos organismos de forma mais abrangente. Detectou-se que havia um pouco mais de biodiversidade, mas ainda uma predominância da bactéria Acidiphilium.

Por meio do sequenciamento de DNA dos organismos nas amostras do lago, a equipe confirmou que as bactérias tinham uma ampla variedade de capacidades bioquímicas para ajudá-las a tolerar condições extremas e dinâmicas. Entre elas, a criação de energia usando enxofre, ferro, arsênico, fixação de carbono, como as plantas. "Nossa pesquisa fornece uma estrutura de como a vida poderia ter existido em ambientes hidrotermais em Marte", explica Wang. "Mas se a vida já existiu em Marte e se se assemelha ou não aos micro-organismos que temos aqui ainda é uma grande questão. Esperamos que nossa pesquisa ajude na busca de sinais de vida nesses ambientes. Por exemplo, existem alguns bons alvos na borda da cratera marciana Jezero, que é onde o rover Perseverance está agora."

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